quarta-feira, 17 de junho de 2009

Verdades

1. A Câmara Municipal de Anadia anunciou a distribuição de oleões para a recolha de óleos (apenas) alimentares e a criação de uma “Aldeia Termal” em Vale da Mó, potenciando as termas aí existentes mas inserida num projecto que será mais vasto.
Saúdo terem sido tomadas tais medidas, na sequência de propostas que apresentei quer em Abril de 2008, quer em Assembleias Municipais, potenciando a qualidade de vida dos munícipes e o desenvolvimento de um sector turístico de qualidade que atraia visitantes com um maior poder de compra e desenvolva a zona serrana do município.
Não obstante o tendencial autismo do Executivo, o acolhimento das mencionadas propostas - também de diversos pontos do apresentado projecto de requalificação urbana - demonstra que o envolvimento dos cidadãos na definição das políticas autárquicas, com apresentação de medidas e propostas concretas, pode influenciar o Poder Local. Pena que as principais forças politico-partidárias optem por nada propor de alternativo com medo que as ideias lhes sejam “roubadas”…
Espera-se que novo passo ambiental se siga, que se alargue o tipo de óleos recolhidos e se implementem centros de compostagem nas freguesias. Chama-se também a atenção para uma proposta que apresentei - projecto de habitação a custos controlados - ser já uma realidade em Cantanhede, município que tem vindo a assistir a um crescimento bem delineado, apresentando índices de qualidade de vida bastante superiores aos de Anadia.
2. Na linha de anteriores propostas, com vista ao desenvolvimento democrático e cívico dos munícipes, objectivo a ser prosseguido desde tenra idade, espera-se seja criada a Casa da Infância e Juventude, aproveitando o antigo Matadouro Municipal, mantendo a sua (bela) traça arquitectónica e preservando património local que depressa e negligentemente se vem perdendo nos últimos anos…
Neste edifício deveria funcionar um centro de consciencialização ambiental, um gabinete jovem de educação para a sexualidade, bem como um centro de formação cívica; o pelouro da Juventude deveria ter aí as suas instalações, permitindo a congregação num único local de todas as matérias da infância e juventude, numa visão global de tratamento das mesmas.
Nesse mesmo edifício poderão ter lugar as reuniões do Conselho Municipal da Juventude: quanto a este, já que o PSD e PS apenas o instituirão quando legalmente a isso obrigados, qual a posição da JS e da JSD? Continuam a voltar-lhe as costas, reféns das estruturas seniores, renegando-o e continuando a fazer de conta que o assunto não é com eles…
3. O voto de protesto, nas eleições europeias de 7 de Junho, foi o principal vencedor: os partidos das orlas (esquerda e direita) do arco parlamentar aumentaram a sua expressão representativa, tendo o Partido Socialista diminuído a sua votação nos municípios mais atingidos pelo desemprego, sinal de algum descontentamento popular mas também da incompreensão da importância destas eleições, que não são nem nunca serão quaisquer primárias ou concursos de popularidade dos dirigentes eleitos. A taxa de abstenção aumentou, sendo superior à média europeia; e nem sequer se pode invocar que os portugueses foram a banhos!
A campanha eleitoral foi, em muitos momentos, deplorável: não se debateram projectos europeus, a intenção foi mostrar “cartões” (amarelos ou vermelhos) ao Governo e Oposição(ões), mobilizou-se a retórica, demagogia, populismo; as reacções aos resultados foram mais um prolongamento deste triste espectáculo mediático: o partido mais votado invocou que o Governo havia perdido legitimidade para tomar grandes opções e, atingindo um irresponsável mínimo de respeitabilidade, acompanhou o CDS-PP numa absurda moção de censura.
E em Anadia?
A taxa de abstenção foi superior à média nacional, apenas votando 35% dos eleitores, sendo que em Vila Nova de Monsarros nem sequer 27% deles votaram!
As estruturas partidárias locais pouco ou nada fizeram para informar os eleitores não apenas da importância fulcral deste acto eleitoral, mas também dos projectos que apresentavam; não se discutiu o Federalismo vs. Soberania, o alargamento da UE, a adesão da Turquia, o sistema de votação e veto, as políticas de segurança e diplomáticas comuns, a resposta à crise económico-financeira. É verdade que candidatos a eurodeputados visitaram o nosso concelho, que o Museu do Vinho acolheu uma palestra, mas em que é que os munícipes foram esclarecidos? Nada!
A Concelhia de Anadia da Juventude Socialista entendeu que devia povoar os postes de iluminação com papéis apelando ao voto, numa linguagem típica do PREC (“não se resignem face à política europeia” significa o quê?), que mereceram até um destaque nada simpático em vários blogues, designadamente no de Pacheco Pereira; apelar ao voto sem informar não alcançou qualquer dos objectivos inscritos naqueles papéis! Na verdade choveram justas críticas que é mais uma “jota” a agitar bandeiras e a colar cartazes…Da JSD, excluindo o acompanhamento na visita à Escola Secundária de Anadia, nem se ouviu falar…
Registou-se um aumento claro da votação do CDS-PP e do BE, somando quase tantos votos quantos os do PS, que atingiu apenas 19%, diminuindo para quase metade dos que alcançara nas últimas eleições!
Certo que será dito que para tal resultado pesou o voto de protesto verificado a nível nacional e, ademais, o encerramento das Urgências; certo é, porém, que o partido mais activo nas manifestações de desagrado, o PCP, apenas teve 4,62% e um recente estudo demonstra que o grau de satisfação dos utentes do Hospital José Luciano de Castro é dos maiores a nível nacional, o que revela que a opção de encerramento das Urgências e reforço das valências se mostrava justificada.
Se a questão das Urgências tivesse agora sido prejudicial ao PS de Anadia, apenas a este se deveria: se desde o primeiro momento tivesse assumido uma posição contrária (aliás seguida por outras concelhias socialistas do país), em vez da (costumeira) “não posição” de mero apelo ao diálogo, teria reforçado o seu capital de confiança e, também neste aspecto, mostrar-se-ia aos olhos do público com credibilidade e constituindo uma real alternativa.
Ainda no que ao PS diz respeito: o mediatismo do anúncio de um cabeça-de-lista a junta de freguesia por semana não é o mais importante, mascarando dificuldades na formação de equipas de trabalho. Bem andaria se realizasse finalmente uma Convenção Autárquica (provando assim existir democracia interna), visando a escolha de um projecto e candidatos, abrindo-se à sociedade local e dela recolhendo contributos, permitindo realmente afirmar-se como escolha natural.
Que rostos conseguirá o PS lançar? Rejuvenescimento é coisa que não se viu em quatro anos (nem ideias, muito menos projectos), o que se mantém; o (sempiterno) presidente da Comissão Política já é vereador desde 2001 (já o era na “idade das trevas” do PS, quando havia acusações de plena reverência ao Executivo!); são crónicos os deputados na Assembleia Municipal (embora alguns deles sejam os que melhor trabalho desenvolvem, constituindo a única oposição a nível municipal); as equipas nas freguesias não são acompanhadas e são saneadas quadrienalmente ou completamente desmontadas.
A sobredita ideia da Juventude Socialista e a não propositura de qualquer projecto, na senda do PS, nada auguram de positivo; pior, a JS refugia-se na alegação de que Portugal está num ciclo eleitoral e de que apenas quando este terminar poderá ser uma estrutura autónoma. Mas parece ter mostrado a sua “autonomia” aquando da sobredita colagem de papéis! Em que é que ficamos?
É com alento que se saúdam as palavras de Cardoso Leal, na Assembleia Municipal de 25 de Abril, referindo que a oposição política não se pode quedar pela crítica, sistematicamente denotando apenas o que de mau se faz, sem apresentar projectos, propostas, sem efectivamente trabalhar em prol dos munícipes de Anadia; ainda bem que no PS de Anadia ainda existem pessoas preocupadas com o “estado de sítio” e que responsavelmente querem que o partido venha a ser uma alternativa.

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