I. António Guterres, há não muitos anos, disse com razão vivermos num pântano!
Não obstante o Procurador-Geral da República e o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça terem declaradas nulas as transcrições das intercepções telefónicas de algumas conversas particulares mantidas entre o Primeiro-Ministro e algumas pessoas amigas, além de não conterem quaisquer fundamentos sequer indiciadores da prática de crimes, alguma comunicação social, acompanhada por alguns partidos da oposição parlamentar, insiste em querer derrubar José Sócrates de uma forma ínvia e criminosa, não se coibindo de desrespeitar decisões judiciais (providências cautelares) que, pasme-se!, nem sequer são potenciadas por actos do Partido Socialista ou do Governo...O triunvirato Manuela Mora Guedes-José Eduardo Moniz-Mário Crespo continua a sua senda cavalgante, tudo fazendo para descredibilizar e derrubar José Sócrates. Auscultados os directores de rádios e de diários de referência nacional e responsáveis económicos de grupos de comunicação social e telecomunicações, todos são unânimes em dizer que não sofreram pressões, que não sofreram interferência nas linhas editoriais, que não existem "jornalistas amigos"; e mesmo assim um grupo de iluminados insiste que não existe liberdade de expressão e de imprensa - ou será que apenas existe liberdade se houver crítica ao Governo que ultrapasse os limites da decência? Quando até se chega ao ponto de publicar que Luís Figo recebeu 750 mil Euros para tomar o pequeno-almoço com José Sócrates...Sintomático...
Portugal chegou a um ponto tal que até António Capucho, co-fundador do PSD e membro do Conselho de Estado, clama pela substituição do Primeiro-Ministro, aconselhando-o a abdicar da posição, permitindo a continuação da governação socialista mas exigindo eleições logo que tal seja possível...Temos um Presidente da República que não demite, antes reforça os poderes de um seu companheiro de sempre que, com o auxílio de um director de um diário nacional, arquitecta um plano para imputar ao Governo uma tentativa de levar a cabo escutas em Belém, denunciado por outro jornal e não desmintido pelos envolvidos...
Um candidato à liderança do PSD, no Parlamento Europeu!, toma a palavra para dizer que Portugal não é um Estado de Direito, que não existe liberdade de expressão, que falha a moral na condução dos destinos do país. E fê-lo como forma de lançar a sua candidatura à liderança interna do partido, não lhe tendo causado qualquer prurido pôr em cheque o nosso país, acossado já pelas declarações (mais do que infelizes, irresponsáveis) de Joaquin Almunia, comissário europeu que comparou Portugal à Grécia e fez com que as agências de rating, que actualmente definem o preço do dinheiro, colocassem Portugal na lista negra, definindo-o como um país de risco. O PSD, que deveria ser um partido charneira da nossa Democracia, oposição responsável, está entregue a um trio de luxo: Pedro, Paulo e José, todos eles com opositores internos declarados, mais lestos que qualquer apoiante (excluindo José manuel Ribeiro, que a seu tempo lançou a vaga de fundo de Paulo rangel na Cúria...).
Isto é que é conviver mal com a Democracia!
António Costa, com toda a razão, exigiu serem os partidos da oposição consequentes: apresentem uma moção de censura!
II. Um grupo de cidadãos da freguesia de Tamengos decidiu tomar em mãos a defesa dos interesses dos seus concidadãos e apresentou, perante o órgão oficial e no período de consulta pública, um documento expressando o repúdio pela solução proposta, relativamente à autarquia local, para a passagem do TGV. É de elogiar tal iniciativa, demonstrativa que a política não se resume a ideologias plasmadas em papel e a alegados fundamentalistas, mas se manifesta nas formas mais directas, simples e metariais, como é o caso de uma freguesia que veria (como algumas vizinhas) o seu território esventrado por uma infra-estrutura que poria em cheque pessoas e bens. Estamos parante a eterna questão interessa particular/interesse público: o projecto da rede de alta velocidade ferroviária permitirá diminuir a situação periférica de Portugal, ligando-o a uma rede de dimensão e interesse europeu, com vista à eliminação de barreiras reais na circulação de pessoas, bens e ideias. Certamente haverá centenas de portugueses cujos bens, mesmo habitações e negócios, ficarão em cheque com os corredores opropostos (a nível municipal, pelo menos dois produtores - Quinta do Encontro e Campolargo - verão a sua mancha produtiva afectada com um dos corredores propostos), mas em muitas situações o interesse público terá que sair priveligiado; o projecto é para seguir, mesmo que a um ritmo mais lento do que o definido pelo anterior Governo, a atribuição de verbas comunitárias uma realidade e o compromisso internacional do Estado português algo de demasiado sério para, de forma leviana, ser rejeitado como princípio.
Esta é uma matéria de relevante interesse municipal, que deverá mobilizar todas as estruturas politico-partidárias locais, Município e Freguesias, além do mapa associativo de Anadia, pondo de parte as naturais diferenças ideológicas e formando uma frente comum na defesa dos interesses dos munícipes.
III. Pedro Vaz brindou-me com algumas palavras na edição anterior; parece-me contraditório não deverem ser discutidos em público assuntos internos e conceder entrevistas a jornais (se merece crítica, porque o fez?) e é pena que internamente não tenha sido dado o encaminhamento devido e pedido à questão; lamento que o chilrear de pássaros gordos da praça pública (que vivem em gaiolas pintadas de dourado) lhe tenha chegado truncado, impreciso e falso, como é regra. Quanto à avaliação psicanalítica falha em cheio o alvo (não se pode ser bom em tudo...) e esquece a diferença entre o sucedido (os membros apresentaram as suas demissões de seus cargos) e o que lhe fizeram chegar (não fui demitido, aqueles demitiram-se, o exacto oposto!).
Estranho deveras a oportunidade de tais palavras, decorrido que está mais de um ano, sobretudo existindo actualmente uma relevante decisão dependente da estrutura local do PS, relativa à formalização da minha militância política e ideológica - que se não cinge a nível local e que está muito acima deste - e que deve ser tomada com completa isenção, tranquilidade e seriedade.
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