terça-feira, 11 de março de 2008

Experiência

Uma entrevista captou a minha atenção: o entrevistado era Gonçalo Ribeiro Telles, "criador" da Reserva Ecológica Nacional, REN, instrumento jovem (25 anos) e tão relevante quão desrespeitado no planeamento do espaço nacional, regional e local.

Com 85 anos de idade, a sua agudeza de espírito apenas surpreende quem nunca o ouvíu. E as palavras que utiliza são o espelho fiel de uma parte significativa do modus operandi luso.

Da revista NS, nº 111, de 23 de Fevereiro de 2008:

"As cheias desta semana (16 a 23) na Grande Lisboa surpreendem-no?
Nada, absolutamente nada. E vão repetir-se, porque se tem aumentado a impermebialização devido ao excesso de construção e continua a fazer-se más obras que impedem a circulação da água. E não se diga que a culpa é da intensidade das chuvas ou das alterações climáticas. Mesmo que assim fosse, é urgente adaptarmo-nos. As cheias são o resultado de erros de urbanismo. Não se pode continuar a cometer erros de planeamento e as autarquias têm que aplicar Planos Verdes."

"...(REN e Reserva Agrícola Nacional)...São poucas as pessoas que entendem o seu alcance, a importância que tem para a comunidade, a preservação do território e da paisagem. O conceito de desenvolvimento aparece erradamente associado à produção de dinheiro a curto prazo, o que não é compatível com a boa gestão dos recursos naturais nem com a necessidade da sua renovação permanente."

"As críticas, sobretudo de autarcas, devem-se a quê?
De certo modo, a REN contrariou a especulação, a transferência do uso do solo, do solo rural, para zonas urbanas e industriais. Funcionou como um travão, um obstáculo àquilo que se julgava ser o denvolvimento"

"...o país não pode ser um puzzle em que é tudo igual e com o mesmo tipo de desenvolvimento."
O aviso anda no éter demasiado tempo; os resultados são o que se vê e sente...

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