O relatório de 2007 do Eurofund (Fundação Europeia para a melhoria das condições de vida e de trabalho), relativo aos aumentos salariais nos países da União Europeia, foi publicado, mostrando-nos dados inadmissíveis no que à questão da igualdade de género (e de idades) diz respeito: Em 2007, na União Europeia, as trabalhadoras ganhavam, em média, menos 15,9% do que os trabalhadores.
Os dados portugueses são chocantes: em 2007 as trabalhadoras portuguesas receberam, como contraprestação do seu trabalho, em média, apenas 74,6% do vencimento auferido pelos homens! Na Espanha, no nosso quadrante geográfico e cultural, as mulheres ganhavam, em média, 89% do auferido pelos homens, sendo que na Grécia a percentagem sobe para os 90%. mesmo atendendo ao facto dos dados da Grécia serem relativos a 2006, a diferença é abismal, sendo que diferença alguma é admissível.
Na União Europeia a 27 apenas a Eslováquia apresenta resultados mais vergonhosos que o português, sendo que a Eslovénia é o pais em que a diferença entre sexos é menor, 93,1%.
Diferença sexista inadmíssivel, como dissemos: os diplomas legais existem, com eles as implicações legais do desrespeito pelas normas, mas a mentalidade mantém-se.
Sendo certo que a diferença de vencimentos entre sexos tem vindo a decrescer, na União Europeia, desde 2005, baixando quase 10 pontos percentuais relativos, certo é que a diferença diminui muito lentamente, verificando-se mesmo ligeiros aumentos (casos da Alemanha, malta, República Checa e Portugal).
Num país em que o emprego é precário em muitos sectores, caoss preocupantes são os de jovens e mulheres: as últimas pela pretensa (na perspectiva do patronato) fragilidade e deficiência produtiva (aliado à visão retrógrada e retorcida que uma mulher é mãe, dona de casa, educadora, pelo que a função de trabalhadora sairá prejudicada...), os primeiros por serem "carne para canhão" muito fresca e em quantidade tal que a reduzida procura esmaga a imensa oferta, podendo mesmo manipular-se este sistema de (teórico) equilíbrio de valores sem dificuldades de maior.
Uma das maiores conquistas do 25 de Abril foi, a meu ver, relativo á condição feminina: as mulheres passaram a poder ser, não apenas o que queriam mas também o que não conheciam; no plano meramente formal o avanço português dá palma na Europa eno mundo, pelo muito que se cresceu em tão pouco tempo (três décadas...). Demasiado se encontra por fazer.
E dados destes reforçam a conclusão.
"Alea acta est".
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