Os partidos do extremo esquerdo do arco parlamentar e os opinion makers de cartilha gostam de perorar aos 4 ventos que o PS virou à Direita, vendeu-se ao grande capital e não é fiel à História e à sua herança genética. O Partido Socialista é, esperando que nunca deixe de o ser, o único partido social-democrata existente em Portugal e se é vero que muitas das medidas adoptadas, sobretudo nesta época de crise económico-financeira global, tergiversam muitas das flosofias que se querem ver implementadas, também é certo que, a não serem adoptadas, poderiam ter o efeito oposto, impedindo a médio-longo prazo a salvaguarda de muito do que agora se diz atraiçoado.
Serve o intróito para chamar a atenção para a estranheza que é ninguém falar da deriva do PSD (excluindo Santana, quem fala do PPD?):
O Programa de Governo que aparentemente vai ser implementado - parece ser dado adquirido que as eleições de 5 de Junho são um mero proforme... - é, sem sombra de dúvidas, ideologicamente bem estruturado, em muitos pontos sendo uma nova mensagem política em Portugal; mas que raio, até Sá Carneiro se envergonharia de muitas das ideias-base e Emídio Guerreiro daria voltas na tumba!
O PSD é hoje um partido liberal popular, que abre mão do Estado providência de que também é herdeiro, limita-o a mero árbitro sem poderes ou suporte financeiro do sector privado em muitas áreas, incluindo a Educação e a Saúde!
Passos Coelho com este Programa, dizem os seus arautos, abre novos mundos a Portugal: sim, de facto, mas a que custo?! Em completo contra-ciclo com a economia?! Sacrificando interesses públicos de forma irreversível?! Optando por uma via escura e totalmente contrária ao período democrático do século XX português?!
5 de Junho vai, efectivamente, marcar Portugal para as próximas décadas: não apenas pelo pacote de ajuda externa que terá que ser respeitado e cumprido; sobretudo porque a Direita portuguesa poderá ver concretizado o sonho de um Presidente, uma Maioria e um Governo, porque os alicerces económicos e sociais lusos serão alterados para um caminho diametralmente distinto.
Não estou a apelar ao voto em ninguém; apenas que os eleitores reflitam MUITO bem antes de exercer o direito de voto...
