quinta-feira, 25 de junho de 2009

Comment?!

Manuela Ferreira Leite, líder do PSD, no jantar da bancada parlamentar do PSD: "renunciaremos às opções do governo socialista", seja, faremos tábua rasa das políticas económicas e sociais deste Governo.
Assim, sem mais: o que é socialista é tóxico, é demoníaco, façamos um auto de fé e queimemos publicamente o subsídio pré-natal, o aumento das pensões de reformas, o aumento do apoio social escolar, o cheque dentista, as Novas Oportunidades.
Tudo junto, lançado ao fogo dos impuros!
A mesma senhora, séria (como Pinto da Costa é irónico...), que diz que não irá lutar pela conquista da vitória nas legislativas com demagogica...
A mesma que sim não ter utilizado quando se referiu à alegada venda pela PT de 30% do capital social da MediaCapital, invocando secretas pressões do Partido Socialista para emiscuição na linha editorial da TVI que, todas as pessoas sabem, muito democrática e nada anti-Governo e PS sectariamente...
A mesma que apresenta Santana Lopes como exemplo democrático...
A mesma que diz que indigno no processo de escolha do novo Provedor de Justiça foi Jorge Miranda por não aceitar o resultado da votação na Assembleia da República...
Esta senhora afirma-se como líder de uma alternativa?!

Recordando...

Alguém se recorda como Cavaco Silva, à altura Primeiro-Ministro, denominava a presidência de Mário Soares? "Força de bloqueio".
Porque não se limitava a carimbar por baixo das propostas do Governo, porque auscultava a vox populis e trabalhava no sentido de alcançar a mais salutar convivência de poderes e aquietar a população, que clamava por uma "varridela" (lembram-se da ocupação da Ponte 25 de Abril, dos "Secos e Molhados", das cargas policiais na Marinha Grande?).
É o mesmo Cavaco Silva, transmudado em Presidente da República, que cada vez que vai ao estrangeiro não se coíbe de comentar aos jornalistas a politica do burgo e, espante-se!, mandar recados.
O caso da data das eleições é por demais: ainda antes de ouvir os partidos políticos com assento na Assembleia da República admitia poderem coincidir autárquicas e legislativas (desejo confesso do PSD, sabedor da tradicional predominância "laranja" ao nível do poder autárquico e crente de uma alavanca para um bom resultado legislativo...). Diz-se conhecedor de sondagens que prevêm como desejada a coincidência de datas. Dá sinais aos partidos da possível coincidência: ninguém desmentiu Luísa Apolónia, que confessou terem-lhe sido colocadas duas questões, da coincidência ou não de datas e, em caso negativo, da data desejada.
Bem, nada disto é condicionamento.
Nada bloqueia ninguém.
Nem sequer a Provedoria da Justiça é bloqueada...

terça-feira, 23 de junho de 2009

Irão

Escrevo a verde: a cor da esperança numa mudança de regime no Irão; dúvidas são mais do que muitas, mas milhões de iranianos esforçam-se por a transformar em realidade.
Não vale a pena traçar a cronologia da antiga Pérsia, do definhamento do Xá, falar do coup d'état promovido pelos Estados Unidos da América como contraponto do poder geo-estratégico regional e do regime de favor que o Irão beneficiou durante décadas por força do "inquilino" vizinho.
O que interessa é hoje.
Quando mais de um milhão de pessoas, de forma pacífica, caminha contra as armas dos Guardas da Revolução, é mobilizada (sim, também por estados estrangeiros, mas isso é apenas uma parte da solução) pela palavra e não pára de lutar por um futuro diferente, assistimos à História a ser feita.
Independentemente do sentido que vier a tomar.
Moussavi irá alterar por completo o regime iraniano?
Haverá uma guerra de bastidores quanto ao lugar principal do regime, entre Khamenei e Khatami?
Que um futuro de Democracia e Liberdade acolha os iranianos. Independentemente da cor.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Luto


Faleceu Carlos Candal: grande Democrata, grande Republicano, grande Socialista, advogado e bom Colega.
Um orador de excepção, que protagonizou discursos magníficos, publicados, na Assembleia da República, numa altura na qual se discutiam ideais, não se fazendo mera retórica...
Conhecido e nunca esquecido foi o seu manifesto Anti-Portas, que aqui damos à leitura na íntegra. Mas foi muito mais, e é castrador defini-lo apenas por um episódio, que mesmo assim serve para o caracterizar: sem medos, com a verdade a iluminar-lhe o caminho, com um rumo escorreito e recto.
Deixará saudades!

BREVE MANIFESTO ANTI-PORTAS EM PORTUGUÊS SUAVE
"Real Senhor ía passando... Encostado à bananeira, diz o preto para preta: está bonita a brincadeira."
1.- Estava eu 'posto em sossego' - aprestando o barquito da família para umas passeatas na Ria -, quando soube que vinham albergar em Aveiro nada menos que 2-intelectuais-2 de Lisboa, apostados em trocar a missanga de meia-dúzia de referidas ideias por um açafate cheio do marfim eleitoral deste Distrito. De pronto apostado em estragar-lhes o negócio, ainda ponderei então a conveniência de dar um salto algarvio à Praia dos Tomates - para um tonificante estágio 'à la minuta', junto da elite bem-pensante e vegetariana da Capital em férias.Todavia, depressa desisti desse passeio para o sul - confiado em que a singela funda-de-David, que sempre me acompanha, bastaria para atingir e abater essas aves de arribação.Não é que não goste de pássaros. Gosto. Mas detesto os cucos políticos - que usurpam e se instalam com à-vontade nos ninhos feitos por outros companheiros (ía a escrever 'camaradas' - expressão regional caída em desuso, mas recuperável).
2.- Deixando os eufemismos, a verdade é que venho lutando desde há muitos anos (frustradamente embora) contra o latrocínio institucional de que a região de Aveiro vem sendo vítima: designadamente, tiraram-nos o Centro Tecnológico da Cerâmica; o Centro de Desportos Náuticos foi também para Coimbra; o discreto porto da Figueira da Foz vem sendo privilegiado em relação ao porto-de-mar de Aveiro; a nossa Universidade só começou a receber dotações decentes depois de saturada a Universidade do Minho; as questões da bacia do Vouga são tratadas na Hidráulica do Mondego; a Direcção dos Serviços da Segurança Social de Aveiro foi transferida para Coimbra; os nossos Serviços de Saúde foram degradados para 'sub-regionais'; a Agricultura do Distrito passou a ser dirigida pela Lusa Atenas e por Braga (!); e a supervisão da Educação na região foi repartida entre o Porto e a dita Coimbra.
3.- Só nos faltava agora mais essa: sermos doravante representados no Parlamento por dois intelectuais da Capital!Era o cúmulo passarem os Deputados por Aveiro a ser gente de fora - 'estrangeiros' para aqui impontados por Lisboa, como 'comissários políticos para zona subdesenvolvida' ou 'tutores de indígenas carecidos de enquadramento'.Tinha que reagir - e reagi !
4.- Na verdade, o Distrito de Aveiro sempre foi terra de franco acolhimento para quem vem de fora - para aqui trabalhar e viver, valorizando a região (que se torna também sua). Aliás, é esse um dos segredos do nosso crescimento e desenvolvimento. É esta uma das características da nossa identidade: somos gente aberta e hospitaleira, tolerante e liberal, civilizada, moderna, culta e progressiva; todavia - até por isso - nunca tolerámos que nos impontassem mentores!
5.- Disposto a barrar a promoção (à nossa custa) a tais intrusos, procurei apurar quem realmente sejam.
6.- Quanto ao Dr. Pacheco Pereira, foi-me fácil saber que, antes e depois do '25 de Abril', foi comunista radical - daqueles que (aos gritos de "nem mais um soldado para as colónias") impediram designadamente que Portugal pudesse ter evitado a guerra civil em Timor (e a subsequente invasão indonésia - com os dramas e horrores tão sobejamente conhecidos).Com sólida formação marxista-leninista, o Dr. Pacheco Pereira tem vários livros publicados sobre o movimento operário e os conflitos sociais em Portugal no início do século.Constou-me ter agora no prelo um longo escrito sobre as motivações íntimas que o terão levado a renegar o comunismo - opção ideológica que (a manter-se) não lhe teria permitido 'fazer carreira' no PSD, como é evidente...Todavia, segundo notícias de certo semanário, o Dr. Pacheco Pereira recusa o jogo de equipa que a social-democracia pressupõe: ditadorzinho, não quer na campanha eleitoral em curso a companhia do Dr. Gilberto Madail - que limita às vulgares tarefas de motorista: guiá-lo pelo Distrito (que mal conhece). Realmente, o Dr. Pacheco Pereira ainda carece de alguma reciclagem democrática...
7.- Quanto ao Dr. Portas, esfalfei-me a correr bibliotecas e alfarrabistas - à procura dos livros que tivesse dado à luz, donde pudesse inferir qual seja afinal a corrente de pensamento que o norteia. Baldadamente. De facto, o Dr. Paulo Portas apenas publicou um 'folheto de cordel' (que me custou 750$00) sobre os malefícios da integração do nosso país na Comunidade Europeia - opúsculo sem qualquer novidade em relação aos numerosos bilhetes-postais que vem subscrevendo no seu jornal (sem erros ortográficos, mas com pouco fôlego - valha a verdade).Digamos que tais escritos estão para o 'ensaio' como as quadras populares para o 'poema' - na forma e no conteúdo.Trata-se de breves crónicas fúteis (embora não tanto como as do MEC, que aliás lhe leva a palma no sentido de humor e imaginação). Espremidas - pingam apenas cinco ou seis ideias, que não chegam sequer para conformar o anarco-conservadorismo (?) que se arroga ser a sua actual matriz ideológica.
8.- Certo é porém ter sido com essas 'quadras soltas' que o Dr. Portas concorreu aos jogos florais da política recente - ganhando (por 'menção honrosa') a viagem turística ao círculo eleitoral de Aveiro, que o Partido Popular oferecia como prémio para o melhor trabalho apresentado por amadores sobre o tema do 'antieuropeísmo primário'.Tenho-me esforçado por lhe estragar tal passeio - com algum êxito.
9.- Julgavam o Dr. Portas e o enfadado Pacheco Pereira (outro excurcionista) que as respectivas candidaturas a deputado por Aveiro eram 'favas contadas'. Não nos conhecendo, supunham que os aveirenses ('provincianos' como nos chamam) ficaríamos enlevados e até agradecidos pela sorte (grande) de passarmos a ser representados no Parlamento por 'lisboetas de tão alto gabarito' (a expressão não é minha, evidentemente).Terão assim ficado surpreendidos pelo 'impedimento' que - logo após a 1ª anunciação - eu próprio (parente muito chegado da noiva) entendi opôr firmemente ao casamento-de-conveniência que pretendiam contraír com a minha querida região de Aveiro (num escandaloso golpe-de-baú eleitoral - para usar linguagem de telenovela).Como consequência imediata, eles - que tencionavam 'casar por procuração' (que é como quem diz sem-sequer-cá-pôr-os-pés) - tiveram que se dar ao incómodo inesperado de interromper as regaladas férias que gozavam e vir mesmo mostrar-nos os seus dotes.Estraguei-lhes o arranjinho!
10.- O primeiro a comparecer foi o Dr. Portas.Chegou de fato novo e ideias velhas.E instalou-se num hotel da região - escolhido pela mãezinha (no Guia Michelin).Desde então, quase não tem feito outra coisa senão passar a 'cassete' - que gravou contra a participação de Portugal na Comunidade Europeia.Tão desenvolto como qualquer vendedor de banha-da-cobra, impinge a quem se acerca as suas críticas à integração (aliás com a mesma monotonia com que o Marco Paulo repete ter dois amores).E confunde deliberadamente os erros crassos cometidos pelo cavaquismo (nas negociações internacionais e no desenvolvimento interno das políticas sectoriais da integração) com a própria integração - o que constitui uma desonestidade intelectual inaceitável.Pior é quando reclama que seja submetida a referendo a nossa entrada na União Europeia - depois de já termos entrado (e... recebido os milhões e milhões que essa opção facultou aos incompetentes governos do PSD) ! Aliás, o Portas não explica sequer que mirífica alternativa à comparticipação na CE teríamos podido escolher.
11.- Confrontado com questões políticas mais comezinhas (como a regionalização e o tratamento dos resíduos tóxicos), não tem opinião própria ou não sabe para que lado lhe convém cair - e refugia-se então na evasiva: reclama um plebiscito 'adequado'.
12.- Fundamentalista e vaidoso, o Dr. Portas parece estar convencido de que não existe mais nenhum português inteligente e verdadeiramente patriota - além dele e do Dr. Manuel Monteiro.Aliás, o Portas tem o nosso povo em fraquíssima conta...Não obstante, messias da restauração, reclama 'missionários' (sic) para o seu ridículo sebastianismo - sem revelar de que Alcácer Quibir pretende afinal a reconquista.
13.- Inseguro, o jovem Portas sublima os seus problemas existenciais numa catarse de legitimidade duvidosa: exacerba as opiniões políticas que defende a um grau de intolerância que excede manifestamente o radicalismo aceitável de quem se move apenas por convicções arreigadas - tornando-se injusto, maledicente e agressivo.Aliás, o frenesim que reveste a sua militância é bem um indício dessa terapêutica (praticada que foi, também, por 'chefes' cujos nomes a História registou - mal comparando...).
14.- Políticamente, o Portas é um 'bluff' - produto acabado de certos meios intelectualóides da Capital, que funcionam em circuito fechado: por convites mútuos, elogios recíprocos e esquemas de sobrevivência imediata.Entre muitos outros, fazem parte de tal 'entourage' o avinagrado Vasco Pulido Valente ('avinagrado' de vinagre - entenda-se) e sua piedosa esposa, D. Constança Cunha e Sá - ambos comungando os chorudos ordenados que "O Independente" (assim chamado) do Dr. Portas lhes paga, pelas crónicas de mal-dizer que semanalmente ali escrevinham, no cómodo formato A4. Também o inefável Miguel Esteves Cardoso colabora no endeusamento do Portas, rebuscando a favor do patrão os trocadilhos que lhe deram notoriedade há mais de 20 anos - aquando era uma espécie de menino-prodígio da escrita fútil.Pena que tenha deixado de ser prodígio e se mantenha menino; pena que desperdice agora o seu inegável talento juvenil a produzir romances pornográficos - ainda que muito apreciados pelas pegas e pederastas do Intendente e pelo crítico Henrique Monteiro, que os reputa (o termo é adequado) como peças exemplares da literatura moderna.
15.- O Portas é elitista. Mas simula demagogicamente interessar-se pelos problemas daqueles a quem, no seu milieu, é uso chamar 'as classes baixas' - como aconteceu recentemente na Bairrada, quando fingiu participar na vindima que gente simples e autêntica da terra levava a cabo (por castigo andando agora, há já várias noites, a pôr 'creme nívea' na sua mãozinha mimosa, nunca antes maltratada por qualquer alfaia agrícola).
16.- O Portas é dissimulado: esconde da opinião pública parte da sua verdadeira identidade.Concretamente, oculta que é monárquico - opção que, sendo embora legítima, tinha obrigação de revelar àqueles a quem pede o voto para deputado da República !É a tal 'falta de transparência política' que critica - nos outros, claro...
17.- O Portas é um democrata precário: por falta de formação ou informação, por carência de convicções ou por incoerência, rejeita a aplicabilidade universal da regra '"um homem-um voto" - verdadeiro axioma da Democracia essencial.Assim sendo, não me admiraria nada que o Dr. Portas resvalasse a curto prazo para a defesa de soluções autoritárias para a governação dos portugueses, que (no seu entender) revelam "uma estranha tendência para o precipício".
18.- Eleitoralmente, o Portas é desleal: vicia as regras do jogo. Na verdade, tendo-se feito substituir formalmente na direcção d' "O Independente" (assim chamado), usa agora tal semanário como jornal-de-campanha privativo, aí publicitando escandalosamente os seus palpites e auto-elogios e atacando e denegrindo os adversários - com a cumplicidade na batota do respectivo 'conselho editoral' !Porque não sou 'queixinhas', não vou lamentar-me nem reclamar contra tão anómalo procedimento - junto da comissão-de-ética do Sindicato dos Jornalistas, junto da Alta Autoridade para a Comunicação Social ou mesmo junto da Comissão Nacional de Eleições.Não vou sequer queixar-me à mãezinha do Dr. Paulo Portas. Tão-pouco protestarei junto do Dr. Nobre Guedes - tido por 'dono do jornal' -, até porque sei que anda absorvidíssimo por visitas diárias a feiras e mercados e pelas demais tarefas da sua própria 'candidatura a sanguessuga' (também pelo PP), sem que lhe reste tempo para se preocupar com subtilezas e ninharias éticas.Aliás, provavelmente não será especialista em 'deontologia profissional do jornalismo'.Assim sendo, remeto a apreciação da chocante conduta do Dr. Portas e d' "O Independente" para a opinião pública e para os jornalistas Daniel Reis, Cáceres Monteiro, César Principe e José Carlos de Vasconcelos - tidos por profissionais honestos, competentes e livres (aliás como muitos outros). Concretamente, permito-me perguntar-lhes se acham que o comportamento daquele semanário e do Dr. Portas (que usa fazer a apologia dos valores morais sociais) seja éticamente aceitável.
19.- De facto, não é fácil ser-se coerente e sério em política !
20.- Particularmente difícil é porém 'fazer carreira política' em Portugal - sobretudo quando não se dispõe do apoio de qualquer dos 'lobbies' que condicionam quase toda a nossa actual vida pública. Estou a referir-me à 'solidariedade corporativa' na promoção individual de que beneficiam os membros da Maçonaria, os confrades da Opus Dei, os agentes dos grupos económicos e - mais recentemente - os parceiros da comunidade 'gay'. Trata-se de organizações ou agregados que mantêm intervenção (directa ou indirecta) praticamente em todas as estruturas da nossa vida colectiva - também nos partidos políticos e na comunicação social.Agindo concertada ou avulsamente,os membros de tais 'lobbies' têm grande influência sobre muitas tomadas de posição de quem-de-direito e sobre a formação da opinião pública.Podem designadamente ajudar ao aparecimento de pretensos génios artísticos, 'heróis sociais' ou ídolos-de-pés-de-barro (como são muitos dos políticos de sucesso).
21.- Por definição, as interferências do género são discretas ou mesmo subliminares - e passam geralmente desapercebidas aos cidadãos influenciáveis.Na verdade, quem é que, de manhã, ao acompanhar a torrada e o galão do dejejum com a leitura do 'Público', pondera que esse jornal tem dono - e que o editorialista Vicente Jorge Silva é capataz dos respectivos interesses (mesmo quando - agora instalado - escreve considerações que fazem lembrar os tempos remotos e diferentes em que foi considerado pelos situacionistas de então como um jovem rasca da 'geração de 60') ?E quem perceberá que está a ser condicionado na formação da sua opinião, quando escuta na rádio uma análise ou critica - injustamente lisonjeira - da acção de um diplomata, do trabalho de um artista ou da capacidade de um político homossexual proferida por outro homossexual, se não souber que tal apreciação reporta afinal a solidariedade de pessoas da mesma minoria ?
22.- A acção de todos ou alguns desses 'lobbies' perpassa de facto os principais partidos - transversalmente.E, por vezes, é no espírito-de-corpo ou jogo de conveniências dos respectivos protagonistas que se encontra explicação para surpreendentes convívios gastronómicos no 'Gambrinus' ou na província e para inesperados apoios ou solidariedades espúrias ocasionalmente detectáveis nos mais variados campos da nossa vida colectiva.
23.- Republicano convicto, socialista humanista e democrata sem transigências, tenho feito o meu discreto percurso de político-não-profissional apenas com a ajuda dos activistas locais do PS e o firme apoio da gente bairrista da região de Aveiro - sem compromissos em relação a qualquer daquelas estruturas ou 'forças de pressão'. Livre e independente como sempre, enfrento a presente conjuntura eleitoral com justificada confiança.Estrêla de 3ª grandeza nos céus confinados do meu Distrito, nada me ofusca o brilho fugaz do citado Dr. Portas - cometa ocasional, que desaparecerá deste firmamento tão depressa como apareceu (e... sem deixar rasto).Tão-pouco me perturba a dimensão aparente do Dr. Pacheco Pereira - lua nova doutras galáxias, que (perdido o fulgor militante que o marxismo-leninismo lhe emprestava) agora só é visível quando reflecte a claridade frouxa dessa extensa nebulosa que se chama PSD.
24.- Na minha terra, sou mais forte do que eles !
25.- Na noite do próximo dia 1 de Outubro, espero poder pendurar no meu cinto de caça política as tais duas aves de arribação - espécies exóticas lisboetas pouco apreciadas na região cinegética de Aveiro: um garnisé-cantante e um pavão-de-monco-caído.Esses troféus servirão de espantalho a futuras transmigrações para esta 'zona demarcada entre o Douro e o Buçaco' !

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Verdades

1. A Câmara Municipal de Anadia anunciou a distribuição de oleões para a recolha de óleos (apenas) alimentares e a criação de uma “Aldeia Termal” em Vale da Mó, potenciando as termas aí existentes mas inserida num projecto que será mais vasto.
Saúdo terem sido tomadas tais medidas, na sequência de propostas que apresentei quer em Abril de 2008, quer em Assembleias Municipais, potenciando a qualidade de vida dos munícipes e o desenvolvimento de um sector turístico de qualidade que atraia visitantes com um maior poder de compra e desenvolva a zona serrana do município.
Não obstante o tendencial autismo do Executivo, o acolhimento das mencionadas propostas - também de diversos pontos do apresentado projecto de requalificação urbana - demonstra que o envolvimento dos cidadãos na definição das políticas autárquicas, com apresentação de medidas e propostas concretas, pode influenciar o Poder Local. Pena que as principais forças politico-partidárias optem por nada propor de alternativo com medo que as ideias lhes sejam “roubadas”…
Espera-se que novo passo ambiental se siga, que se alargue o tipo de óleos recolhidos e se implementem centros de compostagem nas freguesias. Chama-se também a atenção para uma proposta que apresentei - projecto de habitação a custos controlados - ser já uma realidade em Cantanhede, município que tem vindo a assistir a um crescimento bem delineado, apresentando índices de qualidade de vida bastante superiores aos de Anadia.
2. Na linha de anteriores propostas, com vista ao desenvolvimento democrático e cívico dos munícipes, objectivo a ser prosseguido desde tenra idade, espera-se seja criada a Casa da Infância e Juventude, aproveitando o antigo Matadouro Municipal, mantendo a sua (bela) traça arquitectónica e preservando património local que depressa e negligentemente se vem perdendo nos últimos anos…
Neste edifício deveria funcionar um centro de consciencialização ambiental, um gabinete jovem de educação para a sexualidade, bem como um centro de formação cívica; o pelouro da Juventude deveria ter aí as suas instalações, permitindo a congregação num único local de todas as matérias da infância e juventude, numa visão global de tratamento das mesmas.
Nesse mesmo edifício poderão ter lugar as reuniões do Conselho Municipal da Juventude: quanto a este, já que o PSD e PS apenas o instituirão quando legalmente a isso obrigados, qual a posição da JS e da JSD? Continuam a voltar-lhe as costas, reféns das estruturas seniores, renegando-o e continuando a fazer de conta que o assunto não é com eles…
3. O voto de protesto, nas eleições europeias de 7 de Junho, foi o principal vencedor: os partidos das orlas (esquerda e direita) do arco parlamentar aumentaram a sua expressão representativa, tendo o Partido Socialista diminuído a sua votação nos municípios mais atingidos pelo desemprego, sinal de algum descontentamento popular mas também da incompreensão da importância destas eleições, que não são nem nunca serão quaisquer primárias ou concursos de popularidade dos dirigentes eleitos. A taxa de abstenção aumentou, sendo superior à média europeia; e nem sequer se pode invocar que os portugueses foram a banhos!
A campanha eleitoral foi, em muitos momentos, deplorável: não se debateram projectos europeus, a intenção foi mostrar “cartões” (amarelos ou vermelhos) ao Governo e Oposição(ões), mobilizou-se a retórica, demagogia, populismo; as reacções aos resultados foram mais um prolongamento deste triste espectáculo mediático: o partido mais votado invocou que o Governo havia perdido legitimidade para tomar grandes opções e, atingindo um irresponsável mínimo de respeitabilidade, acompanhou o CDS-PP numa absurda moção de censura.
E em Anadia?
A taxa de abstenção foi superior à média nacional, apenas votando 35% dos eleitores, sendo que em Vila Nova de Monsarros nem sequer 27% deles votaram!
As estruturas partidárias locais pouco ou nada fizeram para informar os eleitores não apenas da importância fulcral deste acto eleitoral, mas também dos projectos que apresentavam; não se discutiu o Federalismo vs. Soberania, o alargamento da UE, a adesão da Turquia, o sistema de votação e veto, as políticas de segurança e diplomáticas comuns, a resposta à crise económico-financeira. É verdade que candidatos a eurodeputados visitaram o nosso concelho, que o Museu do Vinho acolheu uma palestra, mas em que é que os munícipes foram esclarecidos? Nada!
A Concelhia de Anadia da Juventude Socialista entendeu que devia povoar os postes de iluminação com papéis apelando ao voto, numa linguagem típica do PREC (“não se resignem face à política europeia” significa o quê?), que mereceram até um destaque nada simpático em vários blogues, designadamente no de Pacheco Pereira; apelar ao voto sem informar não alcançou qualquer dos objectivos inscritos naqueles papéis! Na verdade choveram justas críticas que é mais uma “jota” a agitar bandeiras e a colar cartazes…Da JSD, excluindo o acompanhamento na visita à Escola Secundária de Anadia, nem se ouviu falar…
Registou-se um aumento claro da votação do CDS-PP e do BE, somando quase tantos votos quantos os do PS, que atingiu apenas 19%, diminuindo para quase metade dos que alcançara nas últimas eleições!
Certo que será dito que para tal resultado pesou o voto de protesto verificado a nível nacional e, ademais, o encerramento das Urgências; certo é, porém, que o partido mais activo nas manifestações de desagrado, o PCP, apenas teve 4,62% e um recente estudo demonstra que o grau de satisfação dos utentes do Hospital José Luciano de Castro é dos maiores a nível nacional, o que revela que a opção de encerramento das Urgências e reforço das valências se mostrava justificada.
Se a questão das Urgências tivesse agora sido prejudicial ao PS de Anadia, apenas a este se deveria: se desde o primeiro momento tivesse assumido uma posição contrária (aliás seguida por outras concelhias socialistas do país), em vez da (costumeira) “não posição” de mero apelo ao diálogo, teria reforçado o seu capital de confiança e, também neste aspecto, mostrar-se-ia aos olhos do público com credibilidade e constituindo uma real alternativa.
Ainda no que ao PS diz respeito: o mediatismo do anúncio de um cabeça-de-lista a junta de freguesia por semana não é o mais importante, mascarando dificuldades na formação de equipas de trabalho. Bem andaria se realizasse finalmente uma Convenção Autárquica (provando assim existir democracia interna), visando a escolha de um projecto e candidatos, abrindo-se à sociedade local e dela recolhendo contributos, permitindo realmente afirmar-se como escolha natural.
Que rostos conseguirá o PS lançar? Rejuvenescimento é coisa que não se viu em quatro anos (nem ideias, muito menos projectos), o que se mantém; o (sempiterno) presidente da Comissão Política já é vereador desde 2001 (já o era na “idade das trevas” do PS, quando havia acusações de plena reverência ao Executivo!); são crónicos os deputados na Assembleia Municipal (embora alguns deles sejam os que melhor trabalho desenvolvem, constituindo a única oposição a nível municipal); as equipas nas freguesias não são acompanhadas e são saneadas quadrienalmente ou completamente desmontadas.
A sobredita ideia da Juventude Socialista e a não propositura de qualquer projecto, na senda do PS, nada auguram de positivo; pior, a JS refugia-se na alegação de que Portugal está num ciclo eleitoral e de que apenas quando este terminar poderá ser uma estrutura autónoma. Mas parece ter mostrado a sua “autonomia” aquando da sobredita colagem de papéis! Em que é que ficamos?
É com alento que se saúdam as palavras de Cardoso Leal, na Assembleia Municipal de 25 de Abril, referindo que a oposição política não se pode quedar pela crítica, sistematicamente denotando apenas o que de mau se faz, sem apresentar projectos, propostas, sem efectivamente trabalhar em prol dos munícipes de Anadia; ainda bem que no PS de Anadia ainda existem pessoas preocupadas com o “estado de sítio” e que responsavelmente querem que o partido venha a ser uma alternativa.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

A verborreia incontida continua...

1. Alberto João Jardim relativamente à transferência de Cristiano Ronaldo para o Real Madrid: "o povo madeirense é um povo superior".
Deduzo que não apenas aos chineses, que queria longe do arquipélago, mas também a todos os outros...
2. Paulo Rangel admite coligação do PSD com o CDS-PP: pré ou post eleitoral, indiferente. O PSD está mesmo refém da demagogia e anda a reboque do partido do monovolume (evoluíu do táxi...)...

quarta-feira, 10 de junho de 2009

VERGONHA

O CDS-PP, acto contínuo às eleições para o Parlamento Europeu, lançou a ideia de uma moção de censura ao Governo.
Decerto porque se tornaram o 5º partido do arco partidário, ultrapassados por toda a esquerda parlamentar.
Da última vez que tiveram menor votação que a CDU Paulo Portas demitíu-se; agora seguiu a via da demagocia, e vai de atacar o Governo...desta vez sem as coradíssimas maçãs de rosto da noite de domingo, embargadas de fortes emoções.
Estupefacto, ouço Rui Rio a dizer "que será dificil não votar a favor da moção de censura". COMO?!
O partido da política séria, da "política de verdade", que "não baixa os braços", a reboque do populismo gratuito, da inqualificável demagogia?!
De facto, quando o radicalismo marca o tom e os partidos que deveriam ser sérios e sensatos embarcam na onda, estranhe-se que a abstenção atinja valores recordes e as ideias extremistas comecem a ganhar adeptos...

10 de Junho

Este ano Cavaco Silva esteve calado.
Não lhe fosse escapar a boca para o "Dia da Raça"...

Veto

Cavaco Silva vetou a Lei de Financiamento dos Partidos.
Fê-lo correctamente: regressões neste campo, ademais numa época de forte conturbação social, aumentariam a desconfiança dos cidadãos relativamente às estruturas partidárias e o alheamento dos assuntos da polis.
Na Assembleia da República apenas António José Seguro sai dignificado.
Curioso é ver que os partidos à esquerda do Partido Socialista e o "padrão-moral" da direita portuguesa acompanharam os partidos de centro (esquerda e direita), "esquecendo-se" por momentos dos discursos inflamados a exigir moralidade...
Era o regresso do Exmo. Sr. Jacinto Leite Capelo Rego....

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Pontificado da véspera

Resultados das Eleições para o Parlamento Europeu: PSD com 31,68% dos votos e com 8 mandatos, PS com 26,58% dos votos e com 7 mandatos, BE com 10,74% dos votos e com 2 mandatos, CDU com 10,66% dos votos e 2 mandatos, CDS-PP com 8,37% dos votos e com 2 mandatos; o 22º deputado provavelmente será do BE, mas a contagem ainda não terminou.
Notas:
Apenas 37,05% dos eleitores portugueses exerceram o direito (e dever cívico, digamo-lo sem peias) de votar! A taxa de abstenção atingiu um valor recorde, e nem se poderá dizer que os portugueses aproveitaram o bom tempo para ir a banhos; a média de voto na União Europeia foi de 43,09%, o que mostra que tanto existe ainda por mudar...
A forma inadmissível como a campanha eleitoral decorreu: não se discutiu a Europa e as propostas de cada um dos partidos ou movimentos politicos que se apresentaram a sufrágio, apenas se procurou mostrar "cartões", seja ao Governo, seja à(s) Oposição(ões). O debate transmitido na sexta-feira na Antena 1 foi aterrador: pensava que décadas (mesmo curtas) de democracia pluripartidária tivessem ensinado alguma coisa...A indiferença e alheamento não serão eliminadas desta forma!
A falta de seriedade: como é possível que a primeira palavra de todos os partidos da oposição na Assembleia da República tenha sido de que "esta é uma pesada derrota para o Governo"?! Como é possível que um partido com recorrentes responsabilidades governativas como o PSD, na pessoa do seu cabeça-de-lista, venha dizer que o Governo, fruto destes resultados, não tem legitimidade para prosseguir os seus projectos?!
A falta de cultura: do Sr. Paulo Rangel, em tom acintoso dizendo que não havia recebido qualquer telefonema do Largo do Rato...Fê-lo imediatamente a seguir às declarações de Vital Moreira e José Sócrates....
O resultado: o voto de protesto tanto ganhou que quem mais subiu foram os partidos de contra-poder (BE e PCP), que claramente resgataram votos ao eleitorado de esquerda que vota habitualmente no PS; e como consequência da confusão que se injectou atrás de orelha aos eleitores, confundindo actos eleitorais.
O PSD: Paulo Rangel, abandonado pelo partido e (como o agradeceu...) pela líder, conseguiu um bom resultado. Mas veja-se que o PSD, que tanto esforço fez em transformar este acto num plebiscito popular ao Governo, nada cresce face a todas as sondagens relativas às legislativas. E Manuela Ferreira Leite nem quando o seu partido é o mais votado consegue ter ponta de carisma...
O PS: cumprindo-se os meus vaticínios (antes não tivesse tido razão...), Vital Moreira não foi a escolha mais feliz. Compreende-se a intenção estratégica, mas Vital é um livre-pensador, não um peso-pesado em termos de campanha; e resvalou demasiado em alturas e questões fundamentais.
O oportunismo político da SIC, mostrando o resultado de uma sondagem relativa às Legislativas: PS com 40%, PSD com 33%, BE com 9%, CDU com 8% e CDS-PP com 6%; mostra à saciedade que os resultados de ontem são de protesto!
Em Anadia a taxa de abstenção foi ainda superior à média nacional, apenas votando 35,02% dos eleitores recenseados.
O BE e o CDS tiveram um enorme crescimento, situando-se nos 8,08% e 10,13%, respectivamente; o PS teve o congrangedor resultado de 19,08%...
Seguem-se eleições legislativas e autárquicas.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Serão deste mundo?!

Alguém explica aos partidos da oposição politico-partidária portuguesa que no acto eleitoral do próximo Domingo apenas são eleitos os deputados portugueses ao Parlamento Europeu?
"Cartões amarelos" ou "cartões vermelhos" ao Governo e suas políticas, pedidos por cabeças-de-lista e líderes partidários lusos, é da mais vergonhosa, rasteira [está na moda;)], populista e anti-democrática forma de fazer política partidária.
O que deverá ter consequências...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Finalmente oleões!

A Câmara Municipal de Anadia, no dia 5 de Junho de 2009, irá assinar um protocolo para aquisição de oleões: estas estruturas permitirão a recolha de óleos, que espero sejam não apenas os alimentares, evitando o despejo dos mesmos na rede de saneamento (onde esta exista, visto que não é em todo o município de Anadia...) e a contaminação dos cursos de água e aquíferos.
Sinto-me satisfeito por o Sr. Presidente de Câmara, embora com muitos meses de atraso, ter aceite a minha sugestão (já de Abril de 2008) no sentido de dotar o município de Anadia com postos de recolha de óleos. Tal medida está inserida numa linha de consciencialização ambiental que se sauda e se pretende seja mais ousada na acção.
Espero que se siga, na sequência de outra proposta (Assembleia Municipal de 29 de Dezembro de 2008), a dotação das diversas feeguesias do concelho com centros de compostagem, a criação de espaços verdes espalhados pelo concelho, a consciencialização ambiental dos munícipes, a eficiência sustentabilidade energética dos edifícios públicos autárquicos, a aposta em novas tecnologias menos poluentes.