sábado, 28 de março de 2009

Pólos Educativos

Num município no qual a taxa de natalidade diminui de forma acelerada e a fuga de população jovem é galopante, mostra-se necessário o projectado número de centros educativos?
Pampilhosa da Serra, um dos municípios com maior área geográfica na região centro, possui um centro/pólo educativo na sede de concelho, no qual congrega todas as valências.
Anadia não se bastaria com quatro/cinco centros? Anadia, Sangalhos, um para a zona serrana do concelho (porque não em Avelãs de Cima?), um para a zona limítrofe com Cantanhede (em Vilarinho do Bairro), possivelmente outro na zona entre Anadia e Vilarinho (Paredes do Bairro?).
A gestão dos dinheiros públicos, ainda mais numa época de crise económico-financeira, impõe a reavaliação de projectos, uma gestão criteriosa dos fundos comuns e a completa isenção e repúdio de todas as formas de pressão politico-partidária.
Neste caso, falhou-se!

quarta-feira, 25 de março de 2009

Entrevista RB "Sou persona non grata dentro do Partido Socialista"

"SOU PERSONA NON GRATA DENTRO DO PARTIDO SOCIALISTA"
A Juventude Socialista (JS) Anadia encontra-se inactiva há cerca de 2 meses, devido à demissão de três elementos do Secretariado, o que provocou a falta de quórum e a respectiva inactividade. O presidente daquela estrutura, André Oliveira, referiu ao RB que "não compreende este impasse", salientando que "isto é o culminar de um período de más relações entre os dirigentes da cúpula do PS local com a JS, nomeadamente a minha pessoa". Acusa a Concelhia socialista de "não ver com bons olhos a actuação da JS". "Sou persona non grata dentro do Partido", afirmou.
Segundo os estatutos o passo seguinte deveria ter sido, num prazo de 30 dias, a convocação de novas eleições, situação que acabou por ainda não acontecer, porque a Presidente da Mesa da Assembleia não as convocou.
O responsável da JS adiantou que a Juventude Socialista, quando foi eleita há cerca de um ano, "era para ser mais uma Jota", mas "eu tenho uma perspectiva diferente. Defendo que esta estrutura deve ter um papel mais interventivo na sociedade, apresentando propostas em prol da comunidade", acrescentando que "nos devemos pautar por valores de lealdade e honestidade, dos quais não abdico. Para mim a JS não foi criada para servir de guarda pretoriana, nem como contrabalanço de poderes internos".
Considerou ainda que esta estutura "não existe para ser manobrada, nem para servir ninguém, à excepção da população. Essa visão não era defendida por todos dentro do Partido". No seu entender, a JS não tem que estar dependente do PS. "Não tem que haver uma sujeição ao Partido local", adiantou.
Esta situação não foi bem vista pela Concelhia do PS de Anadia. "Fui criticado pelos dirigentes locais por apresentar propostas e por dar entrevistas à comunicação social sem o seu conhecimento e aval", afirmou.
Orgulha-se de todas as propostas que apresentou na Assembleia Municipal, tendo referido que, se forem implementadas, "podem causar um impacto positivo e visavam apenas a melhoria dos jovens e da população em geral do concelho". Por outro lado, inseriam-se "num projecto de uma juventude credível" e que permitisse que "a Democracia se efectivasse no concelho de Anadia".
JUVENTUDE POSTA EM CHEQUE EM DEZEMBRO
Segundo André Oliveira a estrutura foi posta em cheque em Dezembro quando, a título pessoal, apresentou uma proposta na Assembleia Municipal. "Nessa altura a vida interna da JS já estava em xeque", frisou, salientando que "se registaram pressões externas (do PS Anadia) que influenciaram os militantes a demitirem-se para que a Juventude tomasse outro rumo".
"Não abdico da minha independência. Não estou aqui para adular falsos ídolos ou para perpetuar o poder eterno das pessoas. As contas que presto são aos militantes", afirmou, tendo realçado o trabalho de Sérgio Bandeira que "sempre deu um grande contributo nas propostas, fazendo vários reparos. Os restantes militantes sempre estiveram mais afastados. Não intervieram como era desejável".
O impasse em que se encontra a Juventude Socialista, no entender do presidente, "é incompreensível e só prejudica a imagem, entretanto criada".
"NÃO ABANDONO OS MEUS IDEIAIS"
André Oliveira acredita que o impasse vai ser resolvido e que, dentro em breve, serão convocadas eleições para os orgãos da JS. Garantiu que não vai apresentar nenhuma lista, mas assegurou que vai continuar a trabalhar em prol dos municipes de Anadia. "Não abandono os meus ideiais. Trabalho em prol da Democracia e dos ideiais democráticos", afirmou, acrescentando que é "um extremo defendor dos valores deixados por Mário Soares e Olof Palme, defensores do socialismo democrático".
"Entrei de cabeça levantada e saio de cabeça levantada. Não guardo rancor, saio apenas insatisfeito por não ter podido continuar a implementar um projecto que tinha sustentabilidade", confessou.
Deseja que a próxima direcção da JS saiba "estar à altura e consiga de forma responsável trabalhar na melhoria da qualidade de vida, guardando a sua isenção e independência e não se deixe condicionar por qualquer tipo de pressões".
Adiantou que o trabalho da JS "já foi reconhecido pela população de Anadia e inclusive por diversos quadrantes políticos".
Questionado sobre se já foi convidado por alguma estrutura partidária para integrar alguma lista, afirmou que "não fui convidado por nenhum partido, nem pelo PS". No que respeita ao PS, "nota-se um claro distanciamento em relação à minha pessoa".
"PS SEGUÍU A VIA DO UNANIMISMO"
André Oliveira considerou que "o Ps Anadia tem que se aperceber das suas forças e fraquezas. Tem que ser honesto com as pessoas", sublinhando que "internamente seguíu a via do unanimismo. Há uma forma enviesada de ver as críticas internas. A política não pode ser vista desta forma".
Quanto ao trabalho que tem feito, nestes últimos 4 anos de Câmara, referiu que "não vi e nem vejo uma Oposição ao actual poder. As pessoas não conhecem as grandes bandeiras do PS".
Referíu que, nas próximas eleições, para obter uma vitória "tem que aumentar o número de vereadores, de deputados municipais e de freguesias"; no entanto, mostra-se muito céptico a que isso aconteça: "o actual PS dificilmente terá condições para ganhar. Não se trabalhou para que o Partido se possa bater, de forma credível aos olhos da população, pela vitória".
Realçou o trabalho de alguns deputados municipais, Cardoso Leal pelo "conhecimento técnico que possui", José Carlos Coelho "pela postura" e Acácio maçãs "pela frontalidade como aborda as questões".
Criticou o facto de "o Partido rosa apenas ter 60 militantes no concleho", referindo que "não se criou uma base social de apoio e de crescimento. O trabalho de base falhou". Por outro lado, não se conseguiu chamar pessoas ligadas ao Partido e que são mais valias como Vasco Mendes e Manuel Mariz.
"O que defendi para a Juventude Socialista, defendo para o Partido Socialista. Tem que crescer na base social. Tem que ir para a rua e isso não foi feito neste período", afirmou, sublinhando que "não é afastando pessoas que apresentam ideias, que dão a cara e agem, que o Ps consegue crescer".
"OPORTUNIDADE HISTÓRICA"
Quanto ao candidato à presidência da Câmara, André Oliveira defende que "a escolha deveria ter sido feita num plenário geral de militantes. Era a forma mais correcta", apesar de compreender que o Secretariado "tem toda a legitimidade para apresentar e escolher o candidato". No seu entender "havia um maior debate de ideias".
Soblinhou que, devido à polémica existente para a escolha do candidato no PSD, o Partido Socialista tinha agora "uma oportunidade histórica" para obter "um excelente resultado", dado que "a população não está satisfeita com este lavar de roupa suja e nem gosta de golpes palacianos".
André Oliveira salientou que o concelho de Anadia "perdeu a sua influência e a sua força, tendo perdido também qualidade de vida para os concelhos vizinhos. Os jovens fogem para outros municípios, bem como as indústrias".
O PS devia apresentar um projecto concreto, identificar os problemas e apresentar soluções, mesmo sabendo de antemão que "não era aceites". "Tem que ser um projecto apresentado de forma sustentada e séria", acrescentou.

terça-feira, 24 de março de 2009

Retrocesso Civilizacional

A Amnistia Internacional publicou um relatório relativo à aplicação da pena de morte nos diversos Estados em 2008.
Chegamos à chocante e humilhante conclusão que, em vez de definitivamente eliminada dos sistemas penais punitivos estatais, o número de execuções aumentou face ao ano anterior!
Durante 2008 foram mortas, por aplicação da pena dita capital, cerca de 2.390 pessoas em 25 diferentes Estados; "cerca de" pois os dados obtidos pela AI não têm como base dados oficiais e quantas vezes as execuções sumárias são uma realidade escondida, utilizada como forma de calar oposições, perpetuar regimes ou proceder a genocídios.
Na China, por exemplo, 1.718 condenados à morte com pena executada, cerca de 70% do total das execuções; o historial de desrespeito pelos direitos humanos no território chinês é por demais conhecido e apenas o seu crescente poderia económico e militar impede uma tomada de posição das maiores potências a esse respeito.
Note-se, contudo, as boas relações diplomáticas do Estado Português com a República Popular da China, maxime pela histórica questão de Macau, hodiernamente pelas relações comerciais; e basta fazer um esforço de memória para lembrar a não recepção oficial do Estado Português ao Dalai Lama aquando da sua deslocação a Portugal e quão diferente foi o comportamento de Nicolas Zarkozy...
No continente asiático 11 países aplicaram a pena de morte; e podemos constatar que ainda são aplicadas penas de morte por razões religiosas, melhor, por influência de radicalismos religiosos que deturpam o verdadeiro sentido e mensagem perfilhado por dezenas de milhões de crentes.
No continente africano a AI chama a atenção para o caso da Libéria, onde se verificou uma extensão dos casos susceptíveis de conduzir à aplicação da pena de morte, abrangendo também casos de roubo, sequestro e terrorismo.
A pena de morte, abolida na maior parte dos Estados, ainda é aplicada em países sócio-culturalmente avançados, o mais paradigmático dos casos sendo os Estados Unidos da América, responsáveis por uma parte significativa de aplicações e condenações; verifica-se que existem diversos estados federais norte-americanos a proceder à abolição, mas ainda se mantêm no pódio de aplicações, sendo que é estatisticamente predominante em estados mais conservadores.
Na Europa, a Bielorrússia é o único país a aplicar a pena de morte; embora berço da abolição -Portugal é um caso modelo, abolindo a pena de morte no decurso do século XIX -, ainda se verificaram 4 condenações em 2008 naquele Estado europeu. E recorde-se que há meio século atrás ainda se aplicava a pena de morte, por guilhotinamento, em França, pátria da Revolução Liberal e do sistema juridico-penal talqual o conhecemos...
Em 2008 a AI contabilizou pelo menos 8.864 condenações à morte em 52 Estados: seja, verifica-se que existem condenações à morte em cerca de 27% daqueles e aplicações em cerca de 13%!
Se é certo que, nas palavras da AI, esta "tem feito vários apelos aos países para adiarem as execuções e no ano passado a assembleia-geral das Nações Unidas elaborou uma moratória que alertava para a abolição da pena: isso também pode ter influenciado", temos que rejeitar por absoluto a existência de pena de morte e condenar a aplicação, sem peias e sem condicionalismos geopolíticos.
Quando as exigências de Lei e Ordem se fazem ouvir cada vez mais alto, fruto da dificil época económica e mesmo civilizacional que vivemos, existem valores que devem ser erigidos de forma unívoca.
A ONU tem que fazer mais e melhor.
E todos e cada um de nós, independentemente das suas convicções políticas, religiosas, morais, tem que rejeitar a aplicação e condenação de qualquer arguido à pena de morte.
Como à pena de prisão perpétua.
Como a penas de prisão de duração longa e, independentemente da sua duração, cumpridas em condições humanamente degradantes, atentatórias da dignidade que tem que continuar a ser reservada a todo e qualquer recluso; penas que não visem a ressocialização do agente do crime e a sua futura inserção na comunidade, que falha sempre que se verifica o crime, mas também sempre que não consegue recuperar o criminoso.
Sob pena de continuarmos a assistir a mais um retrocesso civilizacional.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Artigo de Opinião "Democracia Participativa"

Publico o artigo de opinião enviado ao Semanário da Região Bairradina para publicação na edição desta semana:
"Em 2009 terão lugar três actos eleitorais: eleições europeias, legislativas e municipais.
Dos cadernos eleitorais constarão mais algumas centenas de milhares de eleitores e a abstenção irá, nova e infelizmente, atingir cifras elevadíssimas, sobretudo no primeiro daqueles actos.
Os cidadãos eleitores portugueses tendem a desvalorizar as eleições europeias, muitas vezes afirmando em estudos de opinião que “não interessam” por “serem longe”, alheados da importância crescente e fulcral da actividade legislativa e mesmo executiva dos órgãos europeus, maxime Parlamento Europeu e Comissão Europeia. O facto de os partidos políticos da oposição (independentemente de quais sejam) assumirem amiúde esse sufrágio como possibilidade de “mostrar um cartão amarelo” ao(s) partido(s) no poder, em nada prestigia a Democracia e tende a afastar cada vez mais cidadãos, já agastados com as questiúnculas que fazem as parangonas dos jornais.
As eleições autárquicas, porque de proximidade, são as que mais entusiasmam e mobilizam (quantas vezes por meios menos lícitos e ética e moralmente desvaliosos) as pessoas a votar. Problema enorme é o interregno de quatro anos que separa os plebiscitos…
Problema com diversas causas: responsabilidade das estruturas formais de representação, leia-se, sistema partidário, e responsabilidade dos cidadãos.
Os partidos actuais estão organizados com base e à volta de paradigmas decanos, alguns deles já ultrapassados; são engrenagens pesadas, hierarquizadas, com lógicas de sobrevivência interna próprias, onde por vezes não basta a competência, sendo necessário um surplus que nem todos estão dispostos a explorar. Com controlismo da diferença, exigindo obediências cegas e sacrifícios em nome de causas que nada têm de comum, mas muito de próprio, e nos quais se exige o culto do e ao líder.
Mesmo alguns movimentos de cidadãos estão partidarizados ou controlados económica, doutrinal ou religiosamente, escondendo por detrás da máscara da “sociedade civil”, esse jargão tão em voga, objectivos imediatistas.
E quanto aos cidadãos, eleitores ou não? Podem, com legitimidade discutível, dizer que os mecanismos representativos existentes não dão resposta aos seus anseios, que lhes é difícil perceber as dinâmicas de fins eleitoralistas; pior, que a política não lhes interessa - em Atenas, berço de Democracia, o centro da cidade era a praça pública, onde se discutia (não ainda por todos) o destino da coisa pública, daí o termo política, como governo da polis. O congregar de esforços por um fito comum, a ideia de comunidade, é o fim ideal do ser humano; numa época de maior dificuldade económico-financeira pode parecer incongruente, mas ainda com maior acuidade se levanta esta questão e valor.
E Anadia? Quantos cidadãos assistem às sessões das Assembleias de Freguesia, da Assembleia Municipal e do Executivo? Quantos tomaram já a palavra para expor as suas ideias, suas reivindicações, suas necessidades?
Quantos se sentem chocados ouvindo o Presidente de Câmara colocar em causa a participação de cidadãos por não serem autarcas eleitos ou deputados na Assembleia Municipal, logo apenas legitimados para, de 4 em 4 anos, os elegerem, nada de fáctico podendo levar a cabo nesse intervalo?
Quantos ficam chocados com acusações não concretizadas contra jornalistas e meios de comunicação social proferidas na Assembleia Municipal?
Quantos ficam chocados com golpes palacianos ou falsos unanimismos nas escolhas para a presidência da Câmara?
As críticas apresentadas em privado, as necessidades que se afirmam em surdina, não são apresentadas em público; parece existir receio de a população afirmar-se discordante com algumas opções tomadas pelo poder local, da forma como rege os destinos do Município e das Freguesias. Existem diversos patamares de intervenção: familiar, local, associativo, mas também e sobretudo as públicas, nos eleitos órgãos de soberania: Assembleias de Freguesia e Municipal e reuniões de Câmara, públicas na última quarta-feira de cada mês (com início pelas 9h30…).
Existe em Anadia, há 33 anos, uma governação exclusiva do município centrada no PSD, democraticamente eleito e por cifras expressivas; os diversos partidos da oposição apenas em 1976, primeiras eleições autárquicas, tiveram mais votos que o PSD, tendo o PS obtido o melhor resultado de todos estes partidos em 1989, com 32,4% dos votos. Também esta situação, combinada com os aspectos perniciosos das maiorias absolutas existentes, promoveu o afastamento das pessoas da vida política activa.
Existe, de facto, um afastamento bidireccionado. Potenciado por ideias de democracia participativa muito próprias; pela marcação de sessões da Assembleia Municipal às 15 horas, horário que dita inapelavelmente o número de espectadores/intervenientes; verifique-se que, sendo a hora mais propícia (vide questão das urgências, com início à noite) a participação popular aumenta, é mais profícua e vícios são controlados. Alheamento muitas vezes completo, desmerecedor de décadas, séculos, de difíceis lutas travadas heroicamente, entre nós tão frescas na memória colectiva.
Os cidadãos não têm obrigatoriamente que aderir a partidos, que ter uma intervenção activa nos palcos atrás mencionados. O debate a nível local, de localidade, de rua, de família, é uma forma de afirmação democrática. Existem outros mecanismos: o Conselho Municipal da Juventude, obrigatório em todos os municípios, desejando-se que Anadia implemente o seu o mais breve possível, é um importante mecanismo de integração dos jovens, na sua maioria afastando-se e afastados. A tão importante quão desconhecida figura do Orçamento Participativo: a elaboração do Orçamento do Município passa a recolher contributos populares, não ficando apenas limitado aos gabinetes técnicos dos municípios, o que permite intervenções mais consentâneas com as necessidades reais da população.
Os momentos-chave da História, de progresso social e cultural, entre nós como no estrangeiro, foram aqueles em que a comunidade, como um todo, soube superar as suas dificuldades e, pondo de parte constrangimentos e diferenças, trabalhou em prol dos grandes valores da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, da Sociedade de Bem-Estar e da Democracia. Quando as diferenças foram abraçadas, trabalhadas, e transformadas em pontos fortes comuns.
Quando todo e cada um de nós deu o melhor de si não apenas por si, mas por todos.
Um bom executivo, além de suas qualidades inatas indispensáveis (independência, credibilidade, competência), necessita de uma oposição forte e credível, construtiva nas ideias e nas acções, que efectivamente trabalhe para a melhoria das condições de vida das pessoas. Necessita também de uma população interessada e activa, interveniente nas matérias do domínio público, apresentando os seus anseios, propondo as suas ideias, participando na gestão das suas vidas políticas.
Porque a qualidade dos representantes é proporcional à dos representados: aumentando os padrões de exigência, aumentarão os de qualidade.
Participe.
Construa e revigore a Democracia.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Nova ou velha fase?

No passado dia 2 de Março, na Mealhada, a Comissão Política Distrital de Aveiro do PSD rejeitou o nome indicado pela concelhia de Anadia à Câmara Municipal de Anadia, o actual presidente daquela estrutura, José Manuel Ribeiro.
Litério Marques sai, como óbvio, mais legitimado do processo que não poderá permitir manter o status quo politico, após uma luta fraticida sem quartel e que tanta e tão ímpia tinta fez correr acerca do município.
E agora? Optar-se-á pela solução bem portuguesa de "entre mortos e feridos algum se há de salvar", magicando uma qualquer solução miraculosa de fazer juntar irmãos desavindos? José Manuel Ribeiro e a concelhia seguirão a via coerente, mantendo a inicial decisão, "deixando a criança" nos braços da distrital?
E o Conselho Jurisdicional do partido finalmente decidirá acerca do pedido de filiação de dezenas de novos militantes?!
Qualquer que seja a solução, inquinada virá: o poder cria vícios complicados de eliminar e a forma como este processo foi conduzido mostra a todos a pouca seriedade e solidariedade existente no modus operandi das hostes do partido que desde o início do período democrático rege em exclusivo os destinos de Anadia.
Que pedirá uma nova maioria absoluta para governar.
que muitos serão tentados a dar.
Caro leitor, um exercício de lógica: feche os olhos e abstraia-se das tricas, pense na qualidade de vida em concelhos próximos do nosso, das manifestações de cultura, no cuidado ambiental, nas indústrias de ponta, no crescimento sustentado; agora abra-os e olhe em seu redor.
Quer continuar a pensar em Anadia com os olhos fechados?

segunda-feira, 2 de março de 2009

Noções de Democracia...

Na passada sexta-feira, dia 27 de Fevereiro, teve lugar mais uma sessão da Assembleia Municipal de Anadia: discutia-se a assumpção, por parte do Município de Anadia, de um empréstimo bancário para fazer face aos encargos resultantes da construção do Centro Educativo de Anadia e do Velódromo de Sangalhos (Centro de Alto Rendimento).
Várias foram as questões colocadas directamente ao Sr. Presidente de Câmara relativamente aos Plano Director Municipal, face à recente publiucação da resposta dada à intervenção do Sr. Presidente da Assembleia Municipal de Anadia na Assembleia da República.
Ora, não sendo cogitável que a interpelação daquele fora inocente, antes capciosa, a questão aqueceu o debate, sendo visível que contribuiu para abrir mais uma brecha na já depauperada ponte entre os dois mais importantes representantes institucionais do Município - brecha maior será aberta na reunião da Comissão Distrital do PSD...
Coloquei ao Sr. Presidente de Câmara três questões, a saber: se a restauração do pavimento da Avenida 25 de Abril, na entrada de Anadia, será uma realidade em breve ou se ficaria à espera da implementação do Plano de Reabilitação Urbana; quando seria asfaltada convenientemente a estrada que liga São Mateus a Paredes do Bairro, em bom estado nos primeiros trezentos metros mas pecando por um estado deplorável no quilómetro seguinte; quando estaria em funcionamento o sistema de saneamento básico na freguesia de Paredes do Bairro.
Exortei também o Município, na figura do Executivo e da Assembleia Municipal, a implementar quanto antes o Conselho Municipal de Juventude, dada a publicação da Lei 8/2009; fi-lo na esperança que não seja necessário esperar pelo fim dos 6 meses de adaptação que a lei oferece, necessário sendo para tanto que o próprio Município colabore, dando conhecimento às entidades envolvidas.
Depois, a surpresa - bem, meia surpresa, face aos antecedentes...
Pela boca do Sr. Presidente de Câmara ficaram todos a saber que existem autarcas mandatados pela população e, esses sim, são os únicos legitimados para questionar o estado dos processos; no caso de Paredes do Bairro, não me encontraria legitimado a fazê-lo porquanto o Sr. Presidente de Junta não havia levantado tais reivindicações, nem eu fazia parte da assembleia de freguesia; nem da Assembleia Municipal, nem do Executivo, acrescento.
Nem sequer pertenço a qualquer grupo parlamentar ou partido representado na Assembleia Municipal, acrescento também, e a minha qualidade - publicamente conhecida e nunca negada - de militante da Juventude Socialista nunca me impedirá de intervir activamente na defesa dos interesses da Democracia e município de Anadia, independentemente da matéria em causa ser mais ou menos politico-partidariamente conveniente.
Os cidadãos, na toada democrático-participativa sui generis do Sr. Presidente, exprimem a sua posição de 4 em 4 anos: daí em diante são os autarcas os únicos legitimados para interpelarem os orgãos eleitos; como?!
Não é a primeira vez que somos brindados com uma preciosidade destas. O que preocupa ainda mais.
Como disse, os autarcas sentem-se honrados sempre que exista intervenção dos munícipes nas sessões, sinal de pujança do sistema democrático, da participação interessada na definição das causas comuns, do bem-fundado da sua actuação.
Defender "intervalos de democracia" de 6 meses é preocupante; e defender íntervalos de 4 anos, como poderá ser qualificado?!
Além de direito, é um dever dos cidadãos, in casu dos munícipes, tomarem voz activa nas tomadas de decisões dos orgãos eleitos; aliás, a realização das sessões da Assembleia Municipal a horas adequadas (não às 15 horas, Sr. Presidente da Assembleia Municipal...) permitiu e permite a intervenção da população - vide questão de encerramento das Urgências do Hospital José Luciano de Castro...
A participação popular é pouca? Sim, é um facto; mas não podemos ficar eternamente a cogitar os porquês sem tomar atitudes. Como já foi dito, "existe mais vida além dos partidos" e estes desejam a intervenção dos populares, mesmo que fora das suas estruturas formais - o Fórum Novas Fronteiras é disso um exemplo claríssimo.
Os eleitos afastam os eleitores; os eleitores também não procuram uma aproximação aos eleitos, não dão um passo em frente e dizem presente...
Pescadinha da rabo na boca que não será morta por declarações e reacções como as do Sr. Presidente de Câmara; nem pela completa ausência de intervenções do público.
Democracia participativa: noção afastada na prática, mas imprescindível.
Participação nas sessões das Assembleias de Freguesia, da Assembleia Municipal, nas reuniões de Câmara na última quarta-feira de cada mês; Conselho Municipal de Juventude; Orçamento Participativo - anseio pessoal que duvido seriamente, face aos acontecimentos recentes, alguma vez venha a ser uma realidade...
Cabe a cada um de nós pugnar pela defesa e efectivação dos valores democráticos e republicanos.
E em ano de Centenário!