1.
“Nem
mais tempo, nem mais dinheiro”:
quantas vezes ouviram estas palavras do Primeiro-Ministro?
Quantas vezes ouviram o Ministro das Finanças dizer que estamos “no
bom caminho”, a cumprir “integralmente” as metas do
Programa de Ajustamento (sucessivamente revisto)? Quantas vezes se
depararam com o silêncio do Presidente da República?
Após as manifestações populares de 2 de Março, Cavaco Silva
declarou que “o protagonismo mediático do Presidente da República é
inversamente proporcional à sua influência”, que “Ninguém foi primeiro-ministro durante 10 anos (além
dele)” e que sabe “muito bem que um Presidente da República
que busca protagonismo mediático não tem influência sobre o
Governo”; ainda foi dizendo que “Não devo fazer
comentários públicos sobre o que diz este ou aquele governante”
- o mesmo Presidente da República que perorava contra a “espiral
recessiva” no início deste ano e que acusava José Sócrates
de “deslealdade institucional”...
O INE publicou os dados do desemprego de Janeiro de 2013: 19% da
população ativa encontra-se registada em Centros de Emprego, o que
realmente corresponde a 23% de pessoas sem emprego, a metade da
população jovem (não sendo ainda superior pois a parte de leão
da emigração é de jovens entre 25 e os 29 anos!); uma crescente
parte dessas pessoas não tem direito a subsídio de desemprego - e
aqueles que o têm são sujeitos a uma contribuição especial...de
6%!
Qual a resposta do Primeiro-Ministro a este flagelo? Perante a
exigência feita pelo Partido Socialista de aumento do salário
mínimo nacional, para Passos Coelho quando um país enfrenta um
nível elevado de desemprego “a medida mais sensata que se pode
tomar é exactamente a oposta”, seja, REDUZIR o salário mínimo
nacional! Enquanto os parceiros sociais negoceiam o aumento...
Silva Peneda, ex-Ministro do PSD, presidente do Conselho Económico e
Social, afirmou que tal redução “não é uma forma para criar
mais emprego...é um disparate do ponto de vista económico, do ponto
de vista político e do ponto de vista social, não é factor
decisivo para a criação de emprego de modo nenhum...O emprego só
se cria se as empresas tiverem clientes...o salário mínimo não é
uma forma nem uma política para criar mais emprego”,
defendendo que “o desemprego só se pode combater com
crescimento económico” - a via alternativa defendida pelo
Partido Socialista há já 2 anos!
Na passada sexta-feita o binómio Gaspar/Moedas anunciou os dados
macro-económicos na sequência da 7ª avaliação do Programa(s) de
Ajustamento(s): taxa de desemprego de 18,2% este ano (e 18,5% em
2014), deficit das contas públicas de 6,6% em 2012, recessão
de 2,3% em 2013, dívida pública correspondente a 123,7% do PIB em
2014, extensão de um ano para os cortes de 4 mil milhões de Euros
na despesa (500 milhões já em 2013).
Tais dados traduzem um falhando TOTAL das previsões governamentais,
um empobrecimento AGUDIZADO dos portugueses por ainda mais tempo e de
forma mais severa!
Em Maio de 2011 o Governo previu um crescimento de 1,2% em 2013 - vai
descer 2,3%!
A taxa de desemprego prevista pelo Governo para 2013 era de
13,3% - já se situa nos 19%! Tal significa mais 270 mil
desempregados que o previsto, mais do que a população do Porto!
Não contentes com a vergonhosa situação a que arrastaram Portugal,
os membros do Governo desdobram-se em ameaças veladas ao Tribunal
Constitucional, entre a acusação de “força de bloqueio”
(reavivando dizeres de Cavaco) e de politização de tal órgão -
sempre deixando na penumbra o anúncio dos dados do 1º trimestre da
execução orçamental nos dias 22/24 de Abril...
Se alguma dignidade restasse ao Governo, a demissão seria a única
saída admissível; mas tal gesto é inimaginável: além do Governo
viver num completo alheamento da realidade, crendo em um Portugal que
se renova e melhora, insistindo na fórmula que nos trouxe a este
ponto, é ainda sustentado pelas bancadas PSD/CDS-PP na Assembleia da
República, apostadas em validar a ação governativa e a
precarização, intencional, a que querem continuar a votar os
portugueses!
Para quem julgava que era impossível atingir o grau de
ridicularidade política do Ministro da Informação de Saddam (para
quem os infiéis americanos estavam derrotados, quando se viam
imagens dos seus tanques a invadir Bagdad), eis que Miguel
Frasquilho, um dos baluartes parlamentares do PSD, eleva a fasquia:
os terríveis resultados económico-financeiros anunciados devem-se
ao fato de o Programa de Ajustamento (não o negociado pelo anterior
Governo, porque já alterado 6 vezes pelo atual...) foi "mal
desenhado" e continha "projeções com pouca adesão
à realidade" - o PSD, liderado por Eduardo Catroga,
negociou e definiu o original, passando a campanha eleitoral a clamar
vitória por isso, o que diz tanto...
Mas Frasquilho tem mais “pérolas de sabedoria”: a "Troika
pela 7ª vez fez uma avaliação positiva ao nosso desempenho no
programa de ajustamento (qual das versões alteradas pelo PSD?),
a "evolução na correção do défice foi significativa"
e "Portugal descolou, penso que definitivamente, da
Grécia"...
Como diria Einstein: além do Universo, também a falta de
honestidade inteletual e ridicularidade são infinitas!
Perante todos estes dados, o intencional empobrecimento dos
portugueses e a degradação pura das suas condições de vida, com
os terríveis dados macro-económicos, que dignidade resta ao Governo
e ao Presidente da República? Que legitimidade democrática
continuam a invocar ter?
2. Gostaria de dirigir os votos de sucesso a Fernando
Mendonça, cabeça de lista do Partido Socialista à Câmara
Municipal de Estarreja: num Município no qual o PSD (com o CDS)
governa com maioria absoluta, escolhido pela única concelhia
socialista de Aveiro liderado por uma mulher (de e com qualidade!) e
em franca expansão do número de Militantes, representou uma
oposição política responsável, assente em projetos e propostas
concretas, ativamente dialogante e envolvido com seus munícipes.
Como os candidatos autárquicos e titulares de cargos públicos têm
que ser!
3. A todos os leitores do Semanário da Região Bairradina, os
sinceros votos de uma boa Páscoa; quão bom seria se representasse
verdadeiramente uma passagem para uma fase melhor!