terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Jornalismo?!

Se há poucas semanas tivemos o prelúdio, ontem vimos o dealbar de um novo tipo de jornalismo: Mário Crespo, de forma nada educada, acintosa e insultuosa, dirigia-se ao seu entrevistado, por acaso membro do Governo da República, mesmo após o desmentido, com apresentação de provas quanto às pseudo "tropelias" de José Sócrates e "sus muchachos", mesmo após reconhecer a sua ignorância, como se fosse Torquemada!
Assistimos ontem, em horário nobre e com um jornalista, dito grande profissional do "métier", a um nóvel auto de fé: acusou, julgou, condenou, perante o olhar atónito de Pedro Silva Pereira; que deveria ter percebido onde e ao que ia, pois deixou-se prender e flagelar: por vezes, perante a força bruta, a mera razão não é suficiente.
Lembram-se de Pedro Santana Lopes, por muito, muito menos, se ter levantado e recusado continuar uma entrevista? Acusaram-no de deficit democrático, de errada interpretação da função do entrevistado.
Ontem foi o que foi.
Ricarod Costa foi o que foi.
Mário Crespo foi o que foi.
O jornalismo é uma "vaca sagrada": ai se alguém acusa um jornalista de se exceder...Não se lhes podem dirigir críticas, por sua vez podendo os "jornalistas" fazer, dizer tudo, lançar as atoardas que desejam, suspeitas, acusações.
É curioso ver que aqueles que se pregam garantes da normalidade das instituições, ultra zelosos do princípio da separação de poderes, assistem a tudo impávidos e serenos; ou talvez não seja...
Quanto a Mário Crespo, relembre-se a queixa da Presidência da República.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Democracia participativa

A eleição de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos da América mostrou-nos que, devidamente incentivados, os cidadãos participam activamente na definição do seu feuturo, no que às decisões de órgãos públicos diz neste ponto respeito.
Uma das formas de trilhar tal caminho é o orçamento participativo: permite-se aos cidadãos, em cada município, que ajudem a traçar as prioridades num terreno próximo, mais circunscrito geográfica, social e culturalmente.
O município de Anadia pode e deve optar por esta via; num município com cerca de 35 mil habitantes, na maioria das assembleias municipais os cidadãos intervenientes são apenas dois ou três; nas assembleias de freguesia, então, raramente alguém está presente, muito menos expressa a sua opinião.
A participação cívia e política é um direito-dever: com o mesmo à-vontade que se critica a inusitada hora para realização das assembleias (15 horas da tarde, num dia normal de trabalho, apenas para evitar presenças indesejadas se percebe), também se critica o desinteresse dos munícipes.
E tem que ser encontrado um antídoto, um ponto de equilíbrio; que passa também por incentivar formas alternativas às vetustas político-partidárias, às rigorosas estruturas, formalizadas e impessoais.
Porque não, ainda para mais no ano zero da futura administração, ser feita esta experiência?

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Obama

Barack Obama tomou posse.
O seu discurso, menos emotivo do que o de qualquer político latino, concentrou as linhas mestras do espírito americano que, digo-o sem quaisquer dificuldades, tornaram aquele país um baluarte mundial: a entreajuda, a iniciativa, a inovação.
41 anos depois, Martin Luther King estava lá. Rosa Parks estava lá. Estavam lá milhões de inocentes, anónimos, que tanto lutaram e tanto sofreram.
Mais impressionante: independentemente do credo, raça, sexo, idade, orientação política, todos estavam lá. mais do que isso, todos quiseram e querem estar lá e em todo o lado.
Estávamos lá todos.

Fazemos História!

Hoje, em Washington, todos os olhares se reunem.
Poucas vezes temos o privilégio de vermos História ser feita: hoje é um desses raros dias.
A "chegada do Homem à Lua", o funeral de Robbert Kennedy e de Martin Luther King Jr., a queda do Muro de Berlim, a libertação de Nelson Mandela, a eleição e tomada de posse de Barack Obama.
Não é um ser messiânico, não resolverá os problemas mais prementes do seu país num ápice, sequer num curto espaço de tempo; muito menos resolverá os problemas deste pequeno planeta a que se deu o nome Terra, muito embora de todos os quadrantes socio-políticos e religiosos se façam ouvir os gritos de apelo.
Com a confiança depositada nele, de forma quase irracional nalguns casos, muitos se sentirão defraudados, não satisfeitos, aborrecidos.
Obama fez surgir algo que estava há muito arredado de grande parte das pessoas: Esperança. Numa fase geracional na qual o pessimismo se instalou, em que muitos dos pilares das modernas sociedades, e não apenas as ocidentais, são questionados, em que formas ditas contracorrente da sociedade, cultura, economia, arte, ganham um relevo crescente. Na qual "a Máquina" tritura tudo à sua passagem, de forma avassaladora.
Foi devolvido o verdadeiro sonho americano, que inspirou gerações e gerações de estrangeiros: tudo é possível, basta querermos. A união de pessoas e valores suplanta todas as dificuldades que se nos coloquem.
De forma simples, mas comovente, "Yes, We can".
Todos estaremos com Obama.
Todos conseguiremos.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A seguir...

Obituário político: Manuela Ferreira Leite já era!
Oportunidade de ouro de conseguir convencer alguém que poderia ser alternativa; pelo menos mais do que 23% de inquiridos de estudos de opinião.
Consegue fazer um golpe de rins majestoso (Santana Lopes obligit), negar o que ela própria disse (Janeiro era o mês dela!), proferir loas a Alberto João Jardim.
Mas e os portugueses?!
Nem uma chama.
Repetir tantas vezes que o PSD não segue o caminho fácil de guiar a sua política pelas manchetes dos telejornais (isso é uma qualidade de realçar?!) nada de palpável traz aos portugueses.
E novamente voltou à carga com o debate que não foi porque Sócrates teria receio da sua mensagem vil a ser desmontada...
Aceitam-se apostas quanto ao período de tempo que Manuela Ferreira Leite aguentará sem a apearem.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Duelo ao pôr do sol?

A líder do PPD-PSD, após a entrevista (num estilo inquisitorial, qual Torquemada, de acordo com Fernando Madrinha, e quem somos nós para o questionar...) a José Sócrates, numa tirada digna do teatro de revista, resolveu convidar o primeiro-ministro para um debate televisivo incidindo sobre as opções económico-financeiras de cada pólo, potenciadoras de uma airosa saída da "Crise".
Pois bem...
Esta ideia de duelo ao pôr-do-sol, de florete na mão e punhos de renda (arbitrada por, sei lá!, Ricardo Costa), é o melhor que Manuela Ferreira Leite tem a oferecer?!
Acossada pelo presidente do Governo Regional da Madeira e o seu ultimatum temporal (dois meses ou "agarrem-me que vou-me a ela").
Após o comentário proferido por um dos vice-presidentes, homem do "frequent mile club", ao telemóvel, da casa de campo.
Esta é a oposição que temos?!
A mesma senhora que disse que não cabia ao PSD apresentar propostas, pois essa é a função de quem governa.
De quem não se conhece nada de constructivo, apenas a tão costumada crítica.
Que não se importava nada de "suspender a democracia por seis meses", claro está, de forma irónica...
Que não tem mão num antigo opositor interno, num périplo nacional de propaganda para futuros actos e que atém é ouvido por renomados jornais económicos estrangeiros; que nem o próprio partido consegue convencer; que não consegue encontrar uma linha de rumo que auxilie, através de uma oposição de e com ideias, Portugal a ganhar em balanço político-partidário.
É pena, mas é para duelos que a senhora está virada...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

José Sócrates

Da entrevista do Primeiro-Ministro e Secretário Geral do Partido Socialista ressaltaram várias notas: que tergiversou, em termos macro-económicos, as ideias da velha social-democracia europeia e do Keynesianismo; que procura estancar a fuga de eleitorado à esquerda radical parlamentar; que não muda a política traçada.
E que não comete o mesmo erro de António Guterres, que custou anos de normalidade a Portugal: sem paliativos, pedíu a maioria absoluta.
Se a terá ou não, ficaremos a saber dentro de não muitos meses.
Mas que a história nos ensina a arrepiar caminho, isso constatou-se

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Novo ano, velhos combates

A situação na Faixa de Gaza é alarmante: mais de seis centenas de palestianos mortos durante os bombardeamentos levados a cabo pelas forças armadas israelitas, a que se somam diversos combatentes do Hamas ou recrutados (quando não "voluntários contratados" pelos estados da área, como o Irão), bem como cinco militares israelitas.
Despreporção indecente, de facto.
O executivo israelita, desde Yitzhak Rabin, é composto por falcões, cada vez mais musculados, alguns deles quase levados a tribunais penais internacionais (TPI, por exemplo, cuja autoridade Israel não reconhece); a criação da formação política no poder, juntando destacados membros dos antigos partidos dominantes, nada trouxe de novo e Tzipi Livni, futura primeira-ministra, justifica o injustificável.
É verdade que o Hamas é uma organização que não reconhece a existência e o direito à existência do Estado de Israel; que não admite a via pacífica para a resolução do problema da não criação e implementação de um Estado palestiniano; que utiliza formas de luta incorrectas e não aceitáveis, sacrificando também inocentes à sua causa.
Mas após décadas de dezenas e dezenas de milhares de mortos, na esmagadora maioria do lado palestiniano, mas também israelitas, com a conivência de estados párias e dirigentes, uma crise humanitária, económica e alimentar gravíssima obrigam a que se encontre uma solução justa.
E justa para ambos os lados do conflito.
Que tem que passar por um imediato cessar-fogo. Com o fim do ataques israelitas, com o fim dos ataques do Hamas; com o fim dos assassinatos selectivos israelitas e com o fim do lançamento de morteiros e da recolha de armas através dos tuneis escavados desde o Egipto pelo Hamas.
Este será um dos desafios que Barack Obama terá que enfrentar após a sua tomada de posse: a escolha de Hillary Clinton para chefiar a diplomacioa externa, a existência de assuntos mais prementes na geopolítica mundial e as recentes declarações do próprio (no sentido de não se dever intrometer no trabalho da pós-equipa Bush e a necessidade dos Estados Unidos da América falarem a uma só voz) não auspiciam, para o lado palestiniano, as melhores novas.
O Hamas, radical, não consegue controlar os mais radicais movimentos palestinianos (muitos deles influenciados pelo Irão e Síria, por eles trabalhados e por armados); a Autoridade Palestiniana não consegue controlar o Hamas.
Ninguém controla ninguém dos dois lados do conflito.
Mas a via negocial, quase alcançada com êxito por Yitzhak Rabin/Shimon Peres e Yasser Arafat, é a única possível.
Agora como no futuro.
Antes de Obama se virar para o Médio Oriente e depois.