terça-feira, 17 de julho de 2012

Artigo de Opinião Julho 2012, Semanário da Região Bairradina

1. Há 17 anos atrás teve lugar um dos mais hediondos acontecimentos da História da Humanidade, não apenas da História Europeia post Grandes Guerras: 7.942 bósnios muçulmanos, adultos e jovens, eram chacinados em Srebenica e seus arredores por militares e paramilitares Sérvios; retirados de suas mães, esposas, foram distribuídos pelos arredores daquela cidade e espancados, fuzilados, espalhados por valas comuns, ato perpetrado para a afirmação do espaço vital da “Pátria Mãe Sérvia”. A chacina durou 5 dias e ainda na passada semana foram feitos funerais dos restos mortais de mais de 500 vítimas.
Tudo isto aconteceu perante indiferença quase total, mesmo na Europa, perante a passividade dos seus cidadãos, a conivência das autoridades. Após a chacina teve lugar uma massiva mobilização da opinião pública, a pressão sobre o poder político tornou-se insuportável e a permissividade cessou. Apenas porque a população se mobilizou!
2. Miguel Relvas...Foi o caso Rosa Mendes (pressão sobre Conselho de Redação da RDP para afastar o comentador que criticou a vassalagem perante a nomenclatura angolana), foi o caso das Secretas, foi o caso das nomeações (distribuindo lugares-chave no setor empresarial do Estado), foi o caso do Público (ameaçando uma jornalista de boicote governamental ao jornal e a divulgação da vida privada daquela na Internet), foram as incessantes mentiras na AR. Agora...
Estou de consciência completamente cumprida...Foram estas (32 de 36 cadeiras da licenciatura), poderiam ter sido mais cadeiras...Norteei a minha vida pela simplicidade da procura do conhecimento permanente. Sou uma pessoa mais de fazer do que de falar”.
Quanto à questão da licenciatura e obtenção da mesma, ficámos a conhecer algumas coisas e muitos mais conheceremos. Mas este é (mais) um episódio de vida de tantos “Relvas”, personagem mítica, novo-marialva português, qual erva daninha num jardim descurado pelos seus donos!
Miguel Relvas é o arquétipo de “self made man”, do político que divide o seu mundo entre a economia das sociedades do mercado livre e a defesa do interesse público. Estendendo a sua rede de contatos enquanto serviu (já na altura servia...) Passos Coelho na liderança da JSD, saltou para a Assembleia da República, geriu sociedades, esteve na sombra, ajudou (já na altura ajudava...) Passos Coelho a conquistar o PSD, a conquistar o poder (o pote de onde não tinha sede em beber...) e tornou-se número 2 do Governo, liderando todos os processos com repercussão política, a privatização ao desbarato do Estado, as nomeações do Governo, em suma, o que trai as moscas!
"O Relvas” é uma caricatura? Não, é um modelo! “O Relvas” é uma espécie que grassa nas estruturas partidárias, que nunca trabalhou ou estudou, que salta da estrutura partidária jovem para uma Secretaria de Estado, para Adjunto ou Assessor, daí para uma empresa pública, obtendo umas equivalências curriculares que lhe preenchem a falha juvenil...Imberbes acéfalos, sem experiência profissional e de vida, a quem o poder cai nas mãos e o partilham com outros imberbes acéfalos - e existem em TODOS os partidos, não existem virgens inocentes na estória!
Miguel Relvas não se demitiu nem é demitido. Mas Miguel Relvas é Passos Coelho e Passos Coelho é Miguel Relvas: seres siameses há décadas, irmãos de armas que se não podem abandonar porque a queda de um será a queda do outro.
Investigue-se! Não apenas este, mas todos “O Relvas” que pululam em Portugal. Em TODOS os partidos, TODOS os setores!
Esta situação confirma a soberba moral de mais uma liderança do PSD: apenas o PSD é sério (o CDS refina a técnica, mas percebe que começa a ser tocado, qual maçã podre, tentando evitar o contágio), apenas o PSD sabe aquilo que Portugal necessita, apenas o PSD tem a solução e tudo o resto é errado, ímpio. Esquecem-se, porém, que o PSD é formado por seres humanos....
Os partidos políticos são estruturas compostas por seres humanos, sendo conspurcadas pelos seus defeitos; como estruturas de poder, tendem a reger-se por lógicas internas que o visam, vendo-se amiúde ocupadas e tomadas por siameses de “O Relvas”.
Os partidos políticos têm militantes de muito e meritória ação e pensamento, com o sincero desejo de ajudar a e contribuir para a afirmação do seu ideal político e da melhoria da vida dos seus concidadãos; mas também, como tudo o que é humano, são falíveis, por vezes falaciosos e vêm preenchidos alguns dos seus mais importantes lugares por lixo moral! Senão...
Será normal e aceitável que - imaginemos... - quem é rejeitado por um partido a um cargo de presidência numa Junta de Freguesia sirva como candidato a Câmara Municipal por outro?!
Será normal e aceitável que um militante, cujo valor é recusado pelos seus concidadãos, ascenda a lugares de destaque partidário a nível nacional e até a governante?!
Será normal que lideranças que prometem e não cumprem, que continuamente juram que vencerão de capota e sofrem humilhantes e contínuas derrotas, se perpetuem?
Será normal e aceitável que estruturas locais desrespeitem decisões nacionais, violem Estatutos de forma continuada, impeçam a ação dos militantes, de estess intervirem partidariamente, os rejeitem por lógicas de perpetuação de poder mesquinho?!
Será normal e aceitável que os partidos virem costas à sociedade, não a auscultem em questões essenciais, nem sequer aos seus militantes?!
Não é normal. Mas é acolhido por demasiados Militantes. E é aceite pela sociedade acriticamente, que permite que este estado de coisas continue.
Todas as sociedades têm os líderes que merecem e (não) fazem por ter. E estamos a senti-lo!
3. Como qualquer aluno do primeiro ano da Licenciatura de Direito poderia perceber, após um conveniente estudo da cadeira de Direito Constitucional, foi declarada inconstitucional, por violação do princípio da igualdade, a norma do Orçamento de Estado que previa o não pagamento de subsídio de férias e de Natal para os funcionários públicos. Fazendo jus a quem o merece, louve-se a ação dos Deputados da AR que solicitaram a análise da norma pelo TC (do BE, da CDU e - apenas! - alguns do Partido Socialista).
A campanha de pressão da Ministra da Justiça, a ameaça da extinção do Tribunal Constitucional e sua redução a secção do Supremo Tribunal de Justiça, a menorização mental dos Conselheiros por destacados membros dos partidos do Governo, redundaram em nada, foi cumprida a Lei e logo o Primeiro-Ministro bradou aos 4 ventos a sua ira contra tal cumprimento, mostrando quanto respeita o princípio de separação de poderes...
O Presidente da República, que não enviou a norma para fiscalização preventiva, teve a vergonhosa e vexante ideia de justificar a sua (continuada!) inação porque “Portugal não poderia correr o risco de ficar sem Orçamento de Estado”! O TC declarou inconstitucional...UMA NORMA, não o diploma, decidindo por uma esmagadora maioria.
E Cavaco Silva, a propósito de tudo o que se passa em Portugal, dos escândalos, do aumento galopante do desemprego? Nada. O Chefe de Estado, que jurou cumprir e fazer cumprir a Constituição...
4. “Até quando você vai ficar levando porrada, até quando vai ficar sem fazer nada?

quarta-feira, 4 de julho de 2012

E não é fabulado!

No mesmo Governo convivem licenciados de década(s) - Passos Coelho - com licenciados de ano - Miguel Relvas.
No mesmo partido convivem autarcas com decisão judicial determinando perda imediata de mandato - Macário Correia - com autarcas eternos - Jaime Ramos.
Por isso ao PSD se compreende o "luxo" de recusar ofertas de candidatos a posições subalternas feitas por agentes naturais, com mãos visíveis, deixando-os fugir para o outro lado da trincheira para as mais elevadas missões...
E ninguém se espanta que acolham com hurras tais personagens sempre que estes clamam o desejo de vencer por capota...