1.
Há 17 anos atrás teve lugar um dos mais hediondos
acontecimentos da História da Humanidade, não apenas da História
Europeia post Grandes Guerras: 7.942 bósnios muçulmanos,
adultos e jovens, eram chacinados em Srebenica e seus arredores por
militares e paramilitares Sérvios; retirados de suas mães, esposas,
foram distribuídos pelos arredores daquela cidade e espancados,
fuzilados, espalhados por valas comuns, ato perpetrado para a
afirmação do espaço vital da “Pátria Mãe Sérvia”. A chacina
durou 5 dias e ainda na passada semana foram feitos funerais dos
restos mortais de mais de 500 vítimas.
Tudo isto aconteceu perante indiferença quase total, mesmo na
Europa, perante a passividade dos seus cidadãos, a conivência das
autoridades. Após a chacina teve lugar uma massiva mobilização da
opinião pública, a pressão sobre o poder político tornou-se
insuportável e a permissividade cessou. Apenas porque a
população se mobilizou!
2.
Miguel
Relvas...Foi o caso Rosa Mendes (pressão sobre Conselho de Redação
da RDP para afastar o comentador que criticou a vassalagem perante a
nomenclatura angolana), foi o caso das Secretas, foi o caso das
nomeações (distribuindo lugares-chave no setor empresarial do
Estado), foi o caso do Público (ameaçando uma jornalista de boicote
governamental ao jornal e a divulgação da vida privada daquela na
Internet), foram as incessantes mentiras na AR. Agora...
”Estou
de consciência completamente cumprida...Foram
estas (32 de 36 cadeiras da
licenciatura), poderiam ter sido mais cadeiras...Norteei a
minha vida pela simplicidade da procura do conhecimento permanente.
Sou uma pessoa mais de fazer do que de falar”.
Quanto
à questão da licenciatura e obtenção da mesma, ficámos a
conhecer algumas coisas e muitos mais conheceremos. Mas este é
(mais) um episódio de vida de tantos “Relvas”,
personagem mítica, novo-marialva
português, qual erva daninha num jardim descurado pelos seus donos!
Miguel
Relvas é o arquétipo de “self
made man”,
do político que divide o seu mundo entre a economia das sociedades
do mercado livre e a defesa do interesse público. Estendendo a sua
rede de contatos enquanto serviu (já na altura servia...) Passos
Coelho na liderança da JSD, saltou para a Assembleia da República,
geriu sociedades, esteve na sombra, ajudou (já na altura ajudava...)
Passos Coelho a conquistar o PSD, a conquistar o poder (o pote de
onde não tinha sede em beber...) e tornou-se número 2 do Governo,
liderando todos os processos com repercussão política, a
privatização ao desbarato do Estado, as nomeações do Governo, em
suma, o que trai as moscas!
"O
Relvas”
é uma caricatura? Não, é um modelo! “O
Relvas”
é uma espécie que grassa nas estruturas partidárias, que nunca
trabalhou ou estudou, que salta da estrutura partidária jovem para
uma Secretaria de Estado, para Adjunto ou Assessor, daí para uma
empresa pública, obtendo umas equivalências curriculares que lhe
preenchem a falha juvenil...Imberbes acéfalos, sem experiência
profissional e de vida, a quem o poder cai nas mãos e o partilham
com outros imberbes acéfalos - e existem em TODOS os partidos, não
existem virgens
inocentes
na estória!
Miguel
Relvas não se demitiu nem é demitido. Mas Miguel Relvas é Passos
Coelho e Passos Coelho é Miguel Relvas: seres siameses há décadas,
irmãos
de armas
que se não podem abandonar porque a queda de um será a queda do
outro.
Investigue-se!
Não apenas este, mas todos “O
Relvas”
que pululam em Portugal. Em TODOS os partidos, TODOS os setores!
Esta
situação confirma a soberba moral de mais uma liderança do PSD:
apenas o PSD é sério (o CDS refina a técnica, mas percebe que
começa a ser tocado, qual maçã
podre,
tentando
evitar o contágio), apenas o PSD sabe aquilo que Portugal necessita,
apenas o PSD tem a solução e tudo o resto é errado, ímpio.
Esquecem-se, porém, que o PSD é formado por seres humanos....
Os
partidos políticos são estruturas compostas por seres humanos,
sendo conspurcadas pelos seus defeitos; como estruturas de poder,
tendem a reger-se por lógicas internas que o visam, vendo-se amiúde
ocupadas e tomadas por siameses de “O
Relvas”.
Os
partidos políticos têm militantes de muito e meritória ação e
pensamento, com o sincero desejo de ajudar a e contribuir para a
afirmação do seu ideal político e da melhoria da vida dos seus
concidadãos; mas também, como tudo o que é humano, são falíveis,
por vezes falaciosos e vêm preenchidos alguns dos seus mais
importantes lugares por lixo
moral!
Senão...
Será
normal e aceitável que - imaginemos... - quem é rejeitado por um
partido a um cargo de presidência numa Junta de Freguesia sirva como
candidato a Câmara Municipal por outro?!
Será
normal e aceitável que um militante, cujo valor é recusado pelos
seus concidadãos, ascenda a lugares de destaque partidário a nível
nacional e até a governante?!
Será
normal que lideranças que prometem
e não cumprem,
que continuamente juram que vencerão de
capota e
sofrem humilhantes e contínuas derrotas, se perpetuem?
Será
normal e aceitável que estruturas locais desrespeitem decisões
nacionais, violem Estatutos de forma continuada, impeçam a ação
dos militantes, de estess intervirem partidariamente, os rejeitem por
lógicas de perpetuação de poder mesquinho?!
Será
normal e aceitável que os partidos virem costas à sociedade, não a
auscultem em questões essenciais, nem sequer aos seus militantes?!
Não é
normal. Mas é acolhido por demasiados Militantes. E é aceite pela
sociedade acriticamente, que permite que este estado de coisas
continue.
Todas as
sociedades têm os líderes que merecem e (não) fazem por ter. E
estamos a senti-lo!
3.
Como qualquer aluno do primeiro ano da Licenciatura de Direito
poderia perceber, após um conveniente estudo da cadeira de Direito
Constitucional, foi declarada inconstitucional, por violação do
princípio da igualdade, a norma do Orçamento de Estado que previa o
não pagamento de subsídio de férias e de Natal para os
funcionários públicos. Fazendo jus a quem o merece, louve-se a ação
dos Deputados da AR que solicitaram a análise da norma pelo TC (do
BE, da CDU e - apenas! - alguns do Partido Socialista).
A campanha
de pressão da Ministra da Justiça, a ameaça da extinção do
Tribunal Constitucional e sua redução a secção do Supremo
Tribunal de Justiça, a menorização mental dos Conselheiros por
destacados membros dos partidos do Governo, redundaram em nada, foi
cumprida a Lei e logo o Primeiro-Ministro bradou aos 4 ventos a sua
ira contra tal cumprimento, mostrando quanto respeita o princípio de
separação de poderes...
O
Presidente da República, que não enviou a norma para fiscalização
preventiva, teve a vergonhosa e vexante ideia de justificar a sua
(continuada!) inação porque “Portugal
não poderia correr o risco de ficar sem Orçamento de Estado”!
O TC declarou inconstitucional...UMA NORMA, não o diploma, decidindo
por uma esmagadora maioria.
E Cavaco
Silva, a propósito de tudo o que se passa em Portugal, dos
escândalos, do aumento galopante do desemprego? Nada. O Chefe de
Estado, que jurou cumprir e fazer cumprir a Constituição...
4.
“Até quando você vai ficar levando
porrada, até quando vai ficar sem fazer nada?”
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