terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Artigo de Opinião Fevereiro 2013, Semanário da Região Bairradina


A luta pela vitória nas eleições autárquicas de 2013 está lançada: sim, LUTA, porquanto assistimos ao esgrimir de ódios pessoais na praça pública entre candidaturas gémeas siamesas!
O CDS-PP, convocando e reunindo todos seus Militantes, escolheu João Tiago Castelo Branco, líder concelhio e Deputado na Assembleia Municipal, como cabeça de lista à Câmara Municipal: politicamente esperado, é um justo prémio para o Deputado que mais crítico foi da gestão de Litério Marques no último quadriénio, o mais ativo e eficaz rosto da oposição partidária ao Executivo - mesmo que se discorde da forma como a levou a cabo, é inegável o mérito subjacente à nomeação, com resultados prejudicados pelo “independentismo”...
E quanto às duas candidaturas autárquicas com hipótese de vencer? José Manuel Ribeiro será o cabeça de lista do PSD. Litério Marques será a cabeça, que não o rosto, do cabeça de lista do “Movimento de Cidadãos Independentes”.
Terá seu terminus a bizarra situação de, nos órgãos autárquicos, o PSD o não ser, antes sendo formado por listas de pessoas afetas a Litério Marques, não contando com o apoio das estruturas locais. E agora teremos nova situação bizarra: uma lista do PSD, apoiada por todos os seus órgãos (locais, distritais e nacionais) e outra lista formada por pessoas, ditas independentes...afetas a Litério Marques!
O nome de José Manuel Ribeiro foi escolhido no Plenário de Militantes local, estando todos os Militantes convocados para o efeito - o que resulta dos Estatutos de todas as forças partidárias, correspondente aos mais elementares comportamentos democráticos, algo que não grassa em todos os quadrantes...Os Militantes, ouvidos (e não consta que Litério Marques ou os independentes que lhe são associados, alguns deles Militantes do PSD, estivessem presentes e se pronunciassem...), escolheram José Manuel Ribeiro, sendo a escolha ratificada dois dias depois pela Comissão Política Distrital e homologado no dia seguinte pela Comissão Política Nacional - o mesmo órgão que escolheu Litério Marques há 4 anos, sem que JMR tivesse formado lista...independente!
Litério Marques anunciou a criação do MCI com que propósitos? Antes de analisarmos suas palavras, vejamos o que é e o que diz a Lei 46/2006, que entrou em vigor no início de 2006: “O Presidente da Câmara Municipal só pode(m) ser eleito por três mandatos consecutivos...depois de concluídos os mandatos não podem assumir aquelas funções durante o quadriénio imediatamente subsequente”: Litério Marques não se pode candidatar ao lugar que vem ocupando há duas décadas, tendo que abandonar o poder e ficando sujeito à ira dos deuses!
Litério Marques, em entrevista, referiu ter contatado o PSD “para manifestar a...total disponibilidade para colaborar na escolha de pessoas experientes como candidatos...”, que o MCI é “de todos os cidadãos que não se revêem nas pessoas que estão na Concelhia e que desejam para o concelho o caminho de progresso e sucesso...pessoas de vários quadrantes políticos”, não nega ter sido convidado a encabeçar candidaturas noutros concelhos (como, se existe a Lei 46/2006?!) e que “Nunca me servi do PSD, pelo contrário, o PSD é que se tem servido de mim todos estes anos”.
Num estilo monárquico, fundado no Direito Natural, não se pronunciando no local próprio mesmo convocado para o efeito, Litério Marques entende ter o direito de nomear o sucessor, desprezando os (seus) órgãos partidários que os seus correlegionários políticos (e, de suas palavras, colegas do MCI!) escolheram, invocando um qualquer crédito sobre o partido que sempre o elevou aos píncaros e o escolheu há 4 anos em detrimento de José Manuel Ribeiro...
Não abandonando o PSD que rejeita, sinal de (in)coerência muito própria, a sua candidatura é apenas um sinal de rejeição da candidatura de José Manuel Ribeiro, alimentada por mútuos ódios de estimação, que ultrapassam a política e que mobilizam questões (diretas e indiretas) de familiares, num espetáculo deprimente que se tenta aproveitar dos Munícipes de Anadia!
Muitos conhecem a origem do verdadeiro fundamento da disputa, que ultrapassa a mera detenção do poder. Todos sabem que o órgão local do PSD, liderado por José Manuel Ribeiro, votou ao mais completo desprezo os titulares de cargos (bem ou mal!) eleitos pelo seu partido. Todos sabem que a noite das facas longas será uma realidade caso José Manuel Ribeiro e o PSD vençam, e o façam com maioria absoluta!
Todos sabem que na demagogia e populismo Litério Marques leva enorme vantagem. Todos sabem que José Manuel Ribeiro não está (tanto...) maculado pelo exercício de cargos locais. Mas...
Este triste espetáculo, que se cinge a uma inadmissível luta fratricida, apenas é possível num Município amorfo, com uma fraca Oposição partidária, pouco exigente nos resultados de governação. Desde as primeiras eleições autárquicas livres o PSD, Litério Marques e o PSD e Litério Marques governam com sucessivas maiorias absolutas, com poucos ou nenhuns obstáculos (a ponto de declarar a Oposição executiva inexistente!), de forma absolutistas opondo-se a qualquer mecanismo de controlo democrático de suas ações - veja-se como sempre desconsiderou o Conselho Municipal da Juventude e o Orçamento Participativo, como se exime a debates públicos!
37 anos de poder sem obstáculos, num Município que perde população, que perde fatores de atração, que perde qualidade de vida, que regionalmente passou de uma posição dominante a um papel meramente subalterno!
37 anos que, como diz o povo, permite que as comadres se zanguem e, mesmo assim, continuem a controlar o poder!
37 anos sem verdadeiro projeto de desenvolvimento sustentado, sem uma decente taxa de cobertura de saneamento básico, negando o acesso a água canalizada a algumas localidades, impedindo os Munícipes de construírem suas casas, atento o vergonhoso processo de revisão de PDM!
37 anos. Que levaria a pensar que fossem demais!
37 anos. Os Munícipes merecem mais, merecem melhor e mereciam-no já.

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