1.
António
José Seguro, há mais de um ano, vem dizendo que Portugal necessita
de uma verdadeira agenda para o crescimento económico e promoção
ativa de emprego, de âmbito europeu, sendo necessário mais um ano
para ajustamento do programa internacional de apoio financeiro.
Na
Universidade de Verão do Partido Socialista novamente ouvi-o dizer
BASTA!, afirmar que Existe um Outro Caminho. Regressou o coro de
críticas: demagogia por mais tempo implicar mais custos,
desnecessidade porque tudo o que fazíamos era elogiado externamente,
os objetivos eram todos cumpridos e as metas fixadas estavam a ser e
seriam atingidas...
Cavaco
Silva, despertado das suas férias (interrompidas para inaugurar um
hospital privado) e do silêncio sepulcral a que se devota, no dia 7
elogiava o esforço de equidade do Governo na distribuição de
sacrifícios; dia 7, dia de jogo da seleção nacional de futebol e
de comunicação surpresa do Primeiro-Ministro - antecedendo em 25
minutos o jogo ...
Passos
Coelho anunciou que seria reduzida a Taxa Social Única das entidades
patronais em 5,75%, aumentando a dos trabalhadores em 7%,
centrando-as nos 18%; igualou a TSU dos funcionários públicos aos
privados e manteve a retenção de um subsídio e redistribuiu o
outro em duodécimos; manteve a retenção de dois subsídios a
pensionistas e a reformados. Justificou tais mexidas com o desiderato
de combater o desemprego mas não anunciou NENHUMA medida de
crescimento de emprego - apenas que os funcionários do setor privado
ficariam sem (pelo menos!) um vencimento e os do setor público sem
(pelo menos) dois vencimentos mensais!
Avançou
que o Ministro das Finanças explicitaria o alcance das medidas, as
suas vantagens e a não perda de rendimento dos portugueses; e depois
foi cantar “Nini dos meus 15 anos”...
De
Vítor Gaspar (em dia de jogo da seleção) ouvimos que teríamos
mais um ano para cumprimento das metas do programa de ajuda, sem
custos adicionais (estranhamente, Seguro deixava de ser demagogo!) e
que as metas para o deficit
das contas públicas seriam aligeiradas nos três próximos anos;
como ficámos a saber que o Governo iria impor medidas de austeridade
adicionais, seis vezes mais duras que o necessário! E, de forma
escamoteada, que o deficit
atual era de 6,6%, quando este Governo assumira a meta de 4,5%.
Para
finalizar Vítor Gaspar, explicitando o alcance real das medidas
comunicadas por Passos Coelho, informou-nos que em 2013 seria
reduzido o número de escalões de IRS e AUMENTADA a sua incidência,
seja, diminuiria significativamente o rendimento disponível dos
portugueses - ao mesmo tempo que as alterações da TSU iriam
aumentar o emprego em 2013...em cerca de 1%!
TODAS
as declarações públicas - entidades patronais, confederações
sindicais, empresários, Conselheiros de Estado, membros do PSD e
CDS, professores universitários, economistas, cidadãos comuns -
foram UNÂNIMES em criticar a falsidade de declarações, a
irrealidade da eficácia anunciada das medidas, a sem-razão do
Governo, a sua cegueira. Um ilustre comentador qualificou este
Governo como “um
bando de adolescentes com as hormonas aos saltos”;
para refutar tal afirmação, que faz Passos Coelho? Deu uma
entrevista à RTP.
Resumindo
a mesma: falhámos mas não o reconheceremos,
falhámos mas manteremos a fórmula! Não conseguiu explicar, sequer
fundamentar, qualquer das medidas anunciadas (nem as 4 folhas A4
distribuídas por Ministérios e Secretarias de Estado lhe valeram),
entrou em claríssimas contradições, titubeou, mentiu, tentou
iludir os portugueses de forma vergonhosa!
Os sacrifícios impostos por este Governo aos portugueses, traindo o
que lhes prometeu, não surtiu quaisquer efeitos positivos no
controlo das contas públicas, aumentaram o desemprego, as
insolvências, a emigração forçada, as dificuldades económicas, a
economia paralela, o desespero; este Governo falhou TODAS as metas a
que se vinculou e, num hipócrita volte-face (com a
discordância da “Troika” - o pára-quedas que utiliza para
aligeirar as suas totais responsabilidades), anuncia medidas que,
diz, salvarão Portugal, permitindo agora cumprir as metas que os
credores, por pura bonomia!, decidiram aligeirar...
A alteração da TSU é um claro exemplo do que este Governo vale:
impreparado, ideologicamente autista, experimentalista, socialmente
indiferente! Ambos os partidos, PSD e CDS-PP, siameses na
condução imoral dos destinos de Portugal - por muito que o último
deles tente, lutando pela sua sobrevivência, ilibar-se de qualquer
medida impopular...
€397,70: será o rendimento mensal de um trabalhador português que
receba o salário mínimo nacional, com a TSU aumentada de 11% para
18% - menos €34 mensais, o que corresponde a uma diminuição de 8%
no rendimento disponível no final do mês! Menos rendimento, menos
consumo, menos produção industrial, menos necessidade de
mão-de-obra, mais desemprego...Este simples raciocínio, que
qualquer português faz, mostra à saciedade que BASTA!
Na passada sexta-feira novos dados económicos foram revelados:
Portugal teve a segunda maior redução de número de empregados na
UE no 2º trimestre de 2012 (-4,2%) e em Agosto o número de
inscritos nos centros de emprego aumentou 26%...
“Há uma linha que separa a Austeridade da Imoralidade! E essa
linha foi ultrapassada”!
Há
ano e meio Cavaco Silva apelava aos jovens para se revoltarem, não
admitia mais austeridade; e agora? Não basta falar através de
Alexandre Relvas e Manuela Ferreira Leite, tem que assumir as suas
obrigações, fazer cumprir a Constituição, pôr cobro a um status
quo
contrário à realidade, socialmente insustentado e insustentável.
Mas para tal seriam necessárias qualidades que Cavaco Silva não
tem...
Uma
maioria, um Governo, um Presidente, a tríade sagrada da Direita!
Direita fraquíssima com os fortes e Muito, mesmo MUITO forte com os
fracos...
Recordemos
Rousseau, atual como sempre: "Em
política, tal como na moral, é um grande mal não fazer bem, e todo
o cidadão inútil deve ser considerado um homem pernicioso”.
2.
Apartidários. Politicamente desligados.
Descontentes decanos. Ideologicamente indefinidos. Setecentos mil
anónimos - não líderes partidários! - contribuíram ativamente,
no passado sábado, para a afirmação e reforço da Democracia, da
República.
Múltiplas gerações das mesmas famílias, desalentadas com um
futuro incerto; cidadãos comuns, movidos pelo desejo de mudança,
pela moralização da politea, por um rumo! Das suas
declarações ressalta que percebem as dificuldades, que contribuem
para que ultrapassemos uma fase de maior dificuldade - mas não
admitem que tudo seja em vão!
Disseram, de forma civicamente ordeira, BASTA! Das políticas
castradoras e recessivas, dos seus autores, da ideologia imposta a
"camartelo"; de um Governo inepto e de uma Presidência
coniventemente inerte. As pessoas perceberam novamente que a sua
opinião conta, a sua palavra ecoa, o seu gesto inspira! O clamor
ouvido foi e é ensurdecedor.
3.
Recordando Antero de Quental: “A República
é, no Estado, Liberdade; nas consciências, moralidade; no trabalho,
segurança; na nação, força e independência. Para todos, riqueza;
para todos, igualdade; para todos, luz”.
Gostei mais do seu artigo de opiniao publicado no Diário de Aveiro no passado Sábado
ResponderEliminarAgradeço...o agradecimento!
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