segunda-feira, 8 de junho de 2009

Pontificado da véspera

Resultados das Eleições para o Parlamento Europeu: PSD com 31,68% dos votos e com 8 mandatos, PS com 26,58% dos votos e com 7 mandatos, BE com 10,74% dos votos e com 2 mandatos, CDU com 10,66% dos votos e 2 mandatos, CDS-PP com 8,37% dos votos e com 2 mandatos; o 22º deputado provavelmente será do BE, mas a contagem ainda não terminou.
Notas:
Apenas 37,05% dos eleitores portugueses exerceram o direito (e dever cívico, digamo-lo sem peias) de votar! A taxa de abstenção atingiu um valor recorde, e nem se poderá dizer que os portugueses aproveitaram o bom tempo para ir a banhos; a média de voto na União Europeia foi de 43,09%, o que mostra que tanto existe ainda por mudar...
A forma inadmissível como a campanha eleitoral decorreu: não se discutiu a Europa e as propostas de cada um dos partidos ou movimentos politicos que se apresentaram a sufrágio, apenas se procurou mostrar "cartões", seja ao Governo, seja à(s) Oposição(ões). O debate transmitido na sexta-feira na Antena 1 foi aterrador: pensava que décadas (mesmo curtas) de democracia pluripartidária tivessem ensinado alguma coisa...A indiferença e alheamento não serão eliminadas desta forma!
A falta de seriedade: como é possível que a primeira palavra de todos os partidos da oposição na Assembleia da República tenha sido de que "esta é uma pesada derrota para o Governo"?! Como é possível que um partido com recorrentes responsabilidades governativas como o PSD, na pessoa do seu cabeça-de-lista, venha dizer que o Governo, fruto destes resultados, não tem legitimidade para prosseguir os seus projectos?!
A falta de cultura: do Sr. Paulo Rangel, em tom acintoso dizendo que não havia recebido qualquer telefonema do Largo do Rato...Fê-lo imediatamente a seguir às declarações de Vital Moreira e José Sócrates....
O resultado: o voto de protesto tanto ganhou que quem mais subiu foram os partidos de contra-poder (BE e PCP), que claramente resgataram votos ao eleitorado de esquerda que vota habitualmente no PS; e como consequência da confusão que se injectou atrás de orelha aos eleitores, confundindo actos eleitorais.
O PSD: Paulo Rangel, abandonado pelo partido e (como o agradeceu...) pela líder, conseguiu um bom resultado. Mas veja-se que o PSD, que tanto esforço fez em transformar este acto num plebiscito popular ao Governo, nada cresce face a todas as sondagens relativas às legislativas. E Manuela Ferreira Leite nem quando o seu partido é o mais votado consegue ter ponta de carisma...
O PS: cumprindo-se os meus vaticínios (antes não tivesse tido razão...), Vital Moreira não foi a escolha mais feliz. Compreende-se a intenção estratégica, mas Vital é um livre-pensador, não um peso-pesado em termos de campanha; e resvalou demasiado em alturas e questões fundamentais.
O oportunismo político da SIC, mostrando o resultado de uma sondagem relativa às Legislativas: PS com 40%, PSD com 33%, BE com 9%, CDU com 8% e CDS-PP com 6%; mostra à saciedade que os resultados de ontem são de protesto!
Em Anadia a taxa de abstenção foi ainda superior à média nacional, apenas votando 35,02% dos eleitores recenseados.
O BE e o CDS tiveram um enorme crescimento, situando-se nos 8,08% e 10,13%, respectivamente; o PS teve o congrangedor resultado de 19,08%...
Seguem-se eleições legislativas e autárquicas.

1 comentário:

  1. Ainda gostei mais da intervenção da D. Manuela Ferreira Leite a dar os parabéns ao Sr. Paulo Rangel pela sua inteligência e trabalho na campanha eleitoral.
    As palavras que eu li foram "Bem, não foi certamente pelos ideais que ganhámos, mas também não era isso que andávamos à procura. Ganhámos a campanha e é assim que se faz política!".
    Porque será que cada vez mais tenho a impressão que a política e os partidos são uma marca que se vende em vez de serem ideias e valores?
    Será que estou errado???

    ResponderEliminar