sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Balanço; a frio

Escrutinados os resultados de 11 de Outubro, temos que enaltecer os vencedores, chamando os vencidos (pois em Democracia não existem derrotados…) às responsabilidades que lhes cabem.
São três os vencedores: Litério Marques, José Lagoa e a concelhia do CDS-PP.
São três os vencidos: Lino Pintado, a concelhia do PS/JS e a concelhia do PSD/JSD.
Litério Marques, acossado por cartas anónimas, acusado da prática de crimes (coligados em dossiers que ninguém vê), processos judiciais em catadupa, venceu as eleições de forma clara e categórica! Perde um deputado na Assembleia Municipal para o CDS e a freguesia de um indefectível apoiante, mas os resultados estão à vista!
José Manuel Ribeiro havia dito, na qualidade de líder local do PSD, que as listas não eram do PSD mas de Litério Marques, elevando a fasquia e jogando uma cartada que, já o tinha dito, poderia ser muito perigosa (foi-o, mais um vez redundando em derrota). As listas de Litério Marques à Câmara e Assembleia Municipal conseguiram 52,8% e 53,3%, respectivamente, diminuindo a votação relativamente há 4 anos e por números nunca vistos (5%!), mas mantiveram uma confortabilíssima maioria absoluta em qualquer dos órgãos. Elegeu as pessoas de sua confiança, eliminou os engulhos causáveis pela concelhia do PSD e tem, nos próximos 4 anos, via aberta para impor o seu modelo de trabalho.
José Lagoa venceu a freguesia de Aguim, pondo termo ao domínio do PSD (também por ele protagonizado…) e à gestão de Vítor Timóteo; o resultado foi deveras impressionante, tendo a sua lista vencido com maioria absoluta! Este resultado mostra à saciedade que quando os partidos põem de lado fundamentalismos bacocos, aceitando o contributo de pessoas válidas, com qualidade e que desejam intervir na defesa e promoção das interesses dos seus conterrâneos, os resultados aparecem, sem embargo de serem à custa de muito trabalho e qualidade dos próprios candidatos.
A concelhia dos CDS-PP mais do que duplicou os resultados de 2005, elegendo dois deputados para a Assembleia Municipal e ficando muito perto de eleger Maria do Céu Castelo Branco como vereadora; com sete deputados nas assembleias de freguesia, conseguem mesmo ser os fiéis da balança em algumas delas (Amoreira da Gândara e São Lourenço do Bairro), dando-lhes ainda maior expressão. Após partirem do zero, conseguir obter 10% dos votos é digno de realce!
Excluindo a mudança da freguesia de Aguim do PSD para a lista do PS e a mudança de um deputado da Assembleia Municipal do PSD para o CDS, os resultados parecem ter poucas notas dignas de realce; parecem…
As concelhias do PSD e JSD, lideradas por José Manuel Ribeiro e Pedro Esteves, desde o início do processo autárquico confiantes num resultado negativo de Litério Marques, clamando pela ilegitimidade deste e publicamente votando-o ao abandono político, têm que lidar com uma percentagem de voto elevadíssima, reveladora do tácito aceite dos anadienses quanto à acção da pessoa que criticam. Não conseguiram ser candidatos à Câmara, não têm ninguém com representação autárquica e terão que fazer uma complicada gestão de danos, num município que em massa rejeitou a sua visão.
Mas a vitória de Litério Marques foi e é-lhes importante, pois que uma experiência de PSD com poder diminuído ou sem maioria absoluta seria uma roleta russa deveras perigosa para jogar daqui a 4 anos (sim, último mandato de Litério Marques!); e sempre que José Manuel Ribeiro arrisca sai-se mal.
As Concelhias do PS e JS saem cilindradas! Uma descida de 1,1% nos resultados para a Assembleia Municipal, única estrutura com representação do PS que levou a cabo um trabalho positivo, mostra que o projecto de médio-longo prazo que andaram a "vender" durante os últimos 5 anos é completamente desfasado da realidade, não deve ser mantido e necessita de completa revisão, devendo afastar responsáveis e métodos actuais.
Deve abrir caminho a um grupo de trabalho que fale verdade, que coloque os valores primeiro e perceba que antes de criar uma base social alargada de aceitação, tem que perceber o que os munícipes realmente querem e precisam, sem o que não haverá frutos.
O coup d’état na JS muito prejudicou a única oportunidade de, seriamente, conseguir que aos olhos da população o PS fosse assumido como uma possível e credível alternativa. No que à JS diz respeito, entre outros factores, a indicação de representantes sem a indispensável aprovação pelos militantes, a inexistência de ideias e actividades, o facto de nem sequer dedicarem atenção ao Conselho Municipal da Juventude, único órgão que poderá permitir aos jovens fazerem-se ouvir, com responsabilidade e poder de intervenção, leva os munícipes a não dar qualquer relevância à estrutura nem a levar a sério…
Nesta encruzilhada para o PS só há um caminho a seguir: pôr de lado a má moeda em detrimento da boa moeda! Ela existe, tem valor e formação, tem ideias e projectos. Sabe que ninguém em Anadia, honestamente, vê o PS como alternativa de poder; só 4 anos de trabalho diário, auscultando a população, trabalhando lado a lado com ela, fazendo com que os munícipes sejam ouvidos e tomados em consideração como o centro do trabalho, poderão alterar o negro cenário.
Lino Pintado falha em toda a linha! Desce 0,1% face há 4 anos, quando era um completo desconhecido político para os munícipes; após 4 anos como vereador, com possibilidade de aproveitar a história oportunidade do PSD desavindo, com queixas alargadas da população, perde! As suas escolhas pessoais (em Arcos a sua “escolha de futuro” conseguiu apenas 2 deputados de assembleia de freguesia em 9!) redundaram em fracasso. Tendo blindado as suas listas com apoiantes incondicionais, tendo injustificadamente afastado todos os focos de trabalho que poderiam ajudar a apresentar alternativas, tendo determinado a forma de trabalhar e assumido a luta pela vitória, sai vergado por números tão pesados que impedem, mesmo que a emoção e a falta de senso dominassem, tentar a terceira vez!
Sustentadas eram as vozes: à oposição não basta criticar para poder pensar em vitórias, é necessário que os eleitores percebam que têm perante si alguém com um projecto, com ideias próprias e sem medo de as apresentar, que todos os dias trabalhe em prol do bem comum; na vida pública só depois de merecermos a confiança a poderemos pedir …
Em Democracia todos têm que saber tomar as devidas ilações dos resultados: mesmo que as escolhas não agradem, há que saber respeitar as decisões do eleitorado, de forma digna e séria, pondo de lado o orgulho e projectos pessoais de poder.
Saber parar na altura certa é uma virtude; saber sair sem humilhações uma necessidade.
Que o trabalho para 2013 seja diário. E que se reflicta na melhoria da vida dos anadienses!

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