"SOU PERSONA NON GRATA DENTRO DO PARTIDO SOCIALISTA"
A Juventude Socialista (JS) Anadia encontra-se inactiva há cerca de 2 meses, devido à demissão de três elementos do Secretariado, o que provocou a falta de quórum e a respectiva inactividade. O presidente daquela estrutura, André Oliveira, referiu ao RB que "não compreende este impasse", salientando que "isto é o culminar de um período de más relações entre os dirigentes da cúpula do PS local com a JS, nomeadamente a minha pessoa". Acusa a Concelhia socialista de "não ver com bons olhos a actuação da JS". "Sou persona non grata dentro do Partido", afirmou.
Segundo os estatutos o passo seguinte deveria ter sido, num prazo de 30 dias, a convocação de novas eleições, situação que acabou por ainda não acontecer, porque a Presidente da Mesa da Assembleia não as convocou.
O responsável da JS adiantou que a Juventude Socialista, quando foi eleita há cerca de um ano, "era para ser mais uma Jota", mas "eu tenho uma perspectiva diferente. Defendo que esta estrutura deve ter um papel mais interventivo na sociedade, apresentando propostas em prol da comunidade", acrescentando que "nos devemos pautar por valores de lealdade e honestidade, dos quais não abdico. Para mim a JS não foi criada para servir de guarda pretoriana, nem como contrabalanço de poderes internos".
Considerou ainda que esta estutura "não existe para ser manobrada, nem para servir ninguém, à excepção da população. Essa visão não era defendida por todos dentro do Partido". No seu entender, a JS não tem que estar dependente do PS. "Não tem que haver uma sujeição ao Partido local", adiantou.
Esta situação não foi bem vista pela Concelhia do PS de Anadia. "Fui criticado pelos dirigentes locais por apresentar propostas e por dar entrevistas à comunicação social sem o seu conhecimento e aval", afirmou.
Orgulha-se de todas as propostas que apresentou na Assembleia Municipal, tendo referido que, se forem implementadas, "podem causar um impacto positivo e visavam apenas a melhoria dos jovens e da população em geral do concelho". Por outro lado, inseriam-se "num projecto de uma juventude credível" e que permitisse que "a Democracia se efectivasse no concelho de Anadia".
JUVENTUDE POSTA EM CHEQUE EM DEZEMBRO
Segundo André Oliveira a estrutura foi posta em cheque em Dezembro quando, a título pessoal, apresentou uma proposta na Assembleia Municipal. "Nessa altura a vida interna da JS já estava em xeque", frisou, salientando que "se registaram pressões externas (do PS Anadia) que influenciaram os militantes a demitirem-se para que a Juventude tomasse outro rumo".
"Não abdico da minha independência. Não estou aqui para adular falsos ídolos ou para perpetuar o poder eterno das pessoas. As contas que presto são aos militantes", afirmou, tendo realçado o trabalho de Sérgio Bandeira que "sempre deu um grande contributo nas propostas, fazendo vários reparos. Os restantes militantes sempre estiveram mais afastados. Não intervieram como era desejável".
O impasse em que se encontra a Juventude Socialista, no entender do presidente, "é incompreensível e só prejudica a imagem, entretanto criada".
"NÃO ABANDONO OS MEUS IDEIAIS"
André Oliveira acredita que o impasse vai ser resolvido e que, dentro em breve, serão convocadas eleições para os orgãos da JS. Garantiu que não vai apresentar nenhuma lista, mas assegurou que vai continuar a trabalhar em prol dos municipes de Anadia. "Não abandono os meus ideiais. Trabalho em prol da Democracia e dos ideiais democráticos", afirmou, acrescentando que é "um extremo defendor dos valores deixados por Mário Soares e Olof Palme, defensores do socialismo democrático".
"Entrei de cabeça levantada e saio de cabeça levantada. Não guardo rancor, saio apenas insatisfeito por não ter podido continuar a implementar um projecto que tinha sustentabilidade", confessou.
Deseja que a próxima direcção da JS saiba "estar à altura e consiga de forma responsável trabalhar na melhoria da qualidade de vida, guardando a sua isenção e independência e não se deixe condicionar por qualquer tipo de pressões".
Adiantou que o trabalho da JS "já foi reconhecido pela população de Anadia e inclusive por diversos quadrantes políticos".
Questionado sobre se já foi convidado por alguma estrutura partidária para integrar alguma lista, afirmou que "não fui convidado por nenhum partido, nem pelo PS". No que respeita ao PS, "nota-se um claro distanciamento em relação à minha pessoa".
"PS SEGUÍU A VIA DO UNANIMISMO"
André Oliveira considerou que "o Ps Anadia tem que se aperceber das suas forças e fraquezas. Tem que ser honesto com as pessoas", sublinhando que "internamente seguíu a via do unanimismo. Há uma forma enviesada de ver as críticas internas. A política não pode ser vista desta forma".
Quanto ao trabalho que tem feito, nestes últimos 4 anos de Câmara, referiu que "não vi e nem vejo uma Oposição ao actual poder. As pessoas não conhecem as grandes bandeiras do PS".
Referíu que, nas próximas eleições, para obter uma vitória "tem que aumentar o número de vereadores, de deputados municipais e de freguesias"; no entanto, mostra-se muito céptico a que isso aconteça: "o actual PS dificilmente terá condições para ganhar. Não se trabalhou para que o Partido se possa bater, de forma credível aos olhos da população, pela vitória".
Realçou o trabalho de alguns deputados municipais, Cardoso Leal pelo "conhecimento técnico que possui", José Carlos Coelho "pela postura" e Acácio maçãs "pela frontalidade como aborda as questões".
Criticou o facto de "o Partido rosa apenas ter 60 militantes no concleho", referindo que "não se criou uma base social de apoio e de crescimento. O trabalho de base falhou". Por outro lado, não se conseguiu chamar pessoas ligadas ao Partido e que são mais valias como Vasco Mendes e Manuel Mariz.
"O que defendi para a Juventude Socialista, defendo para o Partido Socialista. Tem que crescer na base social. Tem que ir para a rua e isso não foi feito neste período", afirmou, sublinhando que "não é afastando pessoas que apresentam ideias, que dão a cara e agem, que o Ps consegue crescer".
"OPORTUNIDADE HISTÓRICA"
Quanto ao candidato à presidência da Câmara, André Oliveira defende que "a escolha deveria ter sido feita num plenário geral de militantes. Era a forma mais correcta", apesar de compreender que o Secretariado "tem toda a legitimidade para apresentar e escolher o candidato". No seu entender "havia um maior debate de ideias".
Soblinhou que, devido à polémica existente para a escolha do candidato no PSD, o Partido Socialista tinha agora "uma oportunidade histórica" para obter "um excelente resultado", dado que "a população não está satisfeita com este lavar de roupa suja e nem gosta de golpes palacianos".
André Oliveira salientou que o concelho de Anadia "perdeu a sua influência e a sua força, tendo perdido também qualidade de vida para os concelhos vizinhos. Os jovens fogem para outros municípios, bem como as indústrias".
O PS devia apresentar um projecto concreto, identificar os problemas e apresentar soluções, mesmo sabendo de antemão que "não era aceites". "Tem que ser um projecto apresentado de forma sustentada e séria", acrescentou.
O problema é que o PS de Anadia é cem vezes pior do que o PSD de Anadia. Estes com os seus problemas ainda discutem, fazem assembleias, fazem votações e lá vão fazendo o caminho deles em democracia. Por seu lado, o PS de Anadia faz tudo às escondidas,atrás da cortina. Até dizem que o candidato à CMA - o Dr. Pintadinho (para rimar com coitadinho) - nem a votos foi dentro do PS, ou seja, faz lembrar o partido único do Estado Novo. Com este PS em Anadia, mais vale dizer "Viva Salazar".
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