quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Artigo de Opinião Janeiro RB

I. A entrevista que concedi ao RB em Dezembro de 2009, comentando o estado do PS e JS locais, espoletou uma onda de críticas, na maioria anónimas na assinatura (ou não...). Conversei com alguns dos críticos (embora se me tenham dirigido apenas após a crítica...) que, de forma intelectualmente honesta, têm que reconhecer que nada do que foi dito diverge da realidade.
Infelizmente vejo que Anadia muito tem a caminhar: em municípios vizinhos é norma o diálogo interno, os actores políticos e partidários expõem publicamente as suas ideias, discutem-nas com todos os que os rodeiam, mesmo que deles discordem. Existe vontade de debate, abertura à diferença, desejo de refundar instituições e reforçá-las, permitindo encarar o futuro com optimismo.
Existe uma pujante comunidade anadiense na blogosfera: orgulho-me (blogue Política com Alma) de fazer parte do mais democrático dos espaços, com uma saudável diversidade de conteúdos, opções e opiniões, mostrando muito do que melhor se faz em e por Anadia. São diversos os blogues de realidade política local (sem desprimor dos restantes destaco Anadia 100 gente, que destaca todos os blogues locais e regionais), mas todos se deparam com a triste realidade do anonimato nos comentários. Algumas pessoas, pelos conteúdos que transmitem e posições que ocupam, podem sofrer duros reveses caso se identifiquem, mas não me parece ser a melhor opção. Já referi que o anonimato é o escudo dos cobardes: daqueles que, escondendo a real face, insultam, mentem, distorcem; que desmerecem a oportunidade que lhes é dada de poderem contribuir para a discussão das questões que dizem respeito a todos nós.
Temos que trabalhar para que todos dêem não apenas a cara e o nome, mas também o seu contributo activo; na blogosfera como (de forma cada vez mais premente) na sociedade local.
II. Uma palavra de parabéns para o Museu do Vinho da Bairrada: invejável a qualidade das exposições que passam por este espaço, que merece ser destacada. É um oásis no meio do deserto que é a política e actividade cultural de Anadia. Tem que ser absolutamente repensada a denominada política, as suas bases: ninguém, de forma honesta, pode afirmar que neste município a cultura é uma prioridade, um anseio geral da população. Mas existem decisões que têm que ser tomadas e apenas produzirão efeitos a médio-longo prazo; e quanto mais são adiadas piores serão as consequências. Ou desejam uma massa amorfa e sem espírito crítico?!
III. Não existe Conselho Municipal da Juventude em Anadia. Mesmo com a sua imposição legal em Setembro de 2009, assobia-se para o lado! As juventudes partidárias, teóricas defensoras dos interesses dos munícipes (surtout da população juvenil e infantil) nada fazem para que o poder político (não apenas o PSD, mas também as estruturas socialistas e comunistas locais - tenho que saudar o CDS-PP por ter levado a questão a Assembleia Municipal) institua tal órgão, que (saibam os seus membros dignificá-lo) aproximará os jovens da tomada de decisões e as decisões das suas reais necessidades. Saúdam-se as palavras do novo líder da JSD Anadia, clamando pela sua criação, sendo imprescindível que seja seguido pela JP e JS Anadia. Nao pondo em causa o desejo que mostram todas as estruturas em actuar em áreas que todos reconhecem como basilares, ainda mais a nível local, serão as vias que têm escolhido as melhores? Porque são poucas as propostas e raras as actividades viradas para a população?
Não falta matéria humana de qualidade (em Anadia temos jovens de grande valia intelectual, com provas dadas, com ideias, com projectos), a forma de a explorar é que não tem sido a melhor; independentemente das diferenças ideológicas e filosóficas, o trabalho em comum daquelas estruturas tem que ser uma realidade e esta questão é vital. Tem que haver união!
IV. Foi aprovado a 8 de Janeiro, na Assembleia da República, o diploma que permitirá o casamento entrre pessoas do mesmo sexo. Sempre defendi a eliminação da situação de desigualdade de direitos em função da orientação sexual, pelo que me regozijo por ter sido dado este passo; por vezes o Direito e a Lei têm que ser mais rápidos do que a mudança de mentalidades...Não critico aqueles que discordam da solução ou exigem um referendo (não são homofóbicos, nem os defensores da solução adoptada são os paladinos da Democracia e dos direitos fundamentais); não entendo, porém, aqueles que o afirmam como contra natura (com a ridícula expressão da "porca e do parafuso") ou que o casamento tem que visar a procriação (e os casais inférteis e todos aqueles que entendem que a parentalidade não é o seu objectivo de relação?). Respeito aqueles que invocam a igualdade material e que dizem que a união civil registada garantia o mesmo. Mas porquê impedir duas pessoas que se amam, que desejam uma vida em comum, de se casarem? E porquê impedir essas duas pessoas, do mesmo sexo, de poderem adoptar uma criança necessitada de afecto? Os heterossexuais podem fazê-lo e os homossexuais apenas sonhá-lo? E se o leitor responder, e porque não? Porque não pode António Costa, depois de abrir os casamentos de Santo António a estes casais, recuar perante a ameaça de não patrocínio pela Igreja Católica? Falta mais e melhor diálogo - que felizmente haverá!
V. Desejo um bom trabalho a João Silva, que será eleito a 30 de Janeiro líder da Federação de Aveiro da Juventude Socialista, culminando um percurso de vários anos, os últimos dos quais tratando de todos os aspectos organizativos da estrutura. O Camarada ideal para continuar o legado de Pedro Vaz, que se despede, no calor do seu lar e rodeado pelos seus colegas.
VI. É normal que qualquer organização permita aos seus membros a consulta das actas que atestam as suas actividades e decisões. Imagine o leitor, membro de uma organização, que após muitos meses de pedidos, com inúmeras missivas dirigidas à responsável, vê rejeitada tal consulta com a invocação da impossibilidade de presença física na sede da organização e vê a desculpa ser alterada para a existência de uma deliberação impeditiva da exibição, que não lhe é comunicada ou mostrada. Imagine que se chega ao cúmulo de procurar justificar a recusa com o conteúdo de uma entrevista concedida. Custa a imaginar? mas é verdade. E continuo a não poder consultar as actas...

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