terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Eluana

Faleceu Eluana.
A jovem italiana que, confinada a uma cama de hospital, tanta celeuma lançou em Itália.
O Vaticano, espicaçando Silvio Berlusconi, mais uma vez ergou o (hipócrita) valor da vida como valor supremo, indiferente aos apelos lancinantes do pai para que a sua filha deixasse de sofrer.
Berlusconi fez aprovar à pressa, de forma completamente despudorada, uma lei que visava impedir a cessação da alimentação das pessoas em estado "vegetativo", especificamente para contrariar a vontade do pai de Eluana e da própria!
O presidente italiano, Napolitano, vetou a lei e, quando a mesma regressou ao Parlamento, foi dada a notícia aos senadores que Eluana tinha falecido.
Guardou-se um minuto de silêncio: cínica actuação! E alguns senadores benzeram-se...
A questão foi em Portugal re-introduzida por Maria de Belém Roseira: dou os meus sinceros parabéns a esta deputada por finalmente levar a questão a discussão pública: na Suiça, no Reino Unido, em Espanha, nos Estados Unidos da América, o debate é acesso, tendo já falecido algumas pessoas por sua expressa vontade, proferida ainda em vida e na plena posse das faculdades mentais.
Portugal, de forma pública, não assistiu a nenhum caso; mas deixemo-nos de hipocrisias: quantos portugueses, através da cessação dos tratamentos médicos e medicamentosos, já faleceram? Não existem casos de eutanásia?
País de brandos costumes, amiúde patenteando falta de coragem político-partidária em questões ditas "fracturantes"; cheira-me a mais um referendo...

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