quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Artigo de Opinião "Anadia: que Futuro?"

Eis na íntegra o artigo de opinião publicado no Diário As Beiras, Diário de Aveiro e no Semanário da Região Bairradina, do qual sou "articulista" desde o presente mês:
"O município de Anadia, outrora dito a “capital da Bairrada”, encontra-se hoje numa posição de inferioridade face aos concelhos limítrofes: enquanto Águeda, Cantanhede, Mealhada e Oliveira do Bairro apostaram em estratégias de desenvolvimento (mais ou menos) sustentadas e conseguidas, o poder executivo de Anadia permanece desconexo no planeamento e infrutífero na execução, sendo que Anadia apresenta hoje índices demográficos ao nível do pior que existe no distrito de Aveiro.
Aliado à falta de coordenação e de visão estratégica, ao contrário de concelhos vizinhos, em Anadia não assistimos à instalação de indústria de ponta, nem sequer possuímos zonas industriais devidamente infra-estruturadas. Não se discerne uma coerente estratégia cultural: pese embora a dedicação das diversas instituições e associações do município (quantas vezes hercúleos na acção, não apreciada devidamente), confundem-se equipamentos com produções. A nível ambiental, a ainda reduzida taxa de cobertura de saneamento envergonha quantos neste município vivem.
A Câmara Municipal de Anadia tem que alterar a sua estratégia, fazendo uma aposta clara nas pessoas.
Percebendo que a riqueza de um município não se mede apenas por metros cúbicos de betão, quilómetros de alcatrão ou receita de I.M.I. e Derrama, mas também e sobretudo pela qualidade de vida proporcionada aos seus habitantes, pela satisfação que estes patenteiam e pelo desejo de, de forma activa, participarem no progresso e desenvolvimento da polis.
E quanto a políticas de juventude? O concelho apresenta uma das mais baixas taxas de natalidade e assiste-se a uma fuga de jovens para os concelhos limítrofes, onde os esperam empregos mais qualificados e melhores condições de vida; na zona serrana do concelho os nascimentos são uma miríade! Mostra-se necessária a adopção de medidas que estanquem esta fuga e, mais importante, promovam a chegada de novas famílias, novos trabalhadores, com os consequentes ganhos para a indústria e economia locais.
O cenário que vivemos pode ser alterado, melhorando a qualidade de vida da população e criando factores de atracção para jovens através da adopção de algumas medidas, de reduzido impacto financeiro para o erário da autarquia – devidamente compensado pela chegada de novas famílias e, por aí, de mais receitas de impostos sobre o património, mais rentabilidade do comércio local e aumento do número de postos de trabalho; quais sejam?
A redução do valor das licenças de construção quando requeridas por casais jovens, com menos de 35 anos, para a construção da primeira habitação permanente;
A venda, pela autarquia, de terrenos para construção, a preços acessíveis, a casais jovens; como forma de fixação da população e para evitar qualquer intuito especulativo dos beneficiários, inclusão de uma cláusula resolutiva em caso de venda do mesmo por um período até 10 anos;
O lançamento de um projecto de bairros residenciais de moradias unifamiliares, com espaços verdes e espaços infantis, a custo controlado, permitindo não apenas a casais jovens adquirirem a sua habitação a preços condignos, mas também impulsionar a actividade da indústria da construção civil local;
Atribuição de subsídio de incentivo à maternidade a casais jovens a partir do segundo filho, com descontos para os espaços culturais e desportivos do município, com escalonamento (até à isenção) em função dos rendimentos do agregado familiar;
Criação de percursos pedestres, equestres e de desportos radicais (nomeadamente btt), além de percursos geológicos, aproveitando a riqueza geológica e de flora da zona serrana do concelho, incentivando um turismo de maior qualidade e, desta forma, com pequenas unidades de turismo de natureza, fixando população nas zonas mais desertificadas do concelho;
Reforço de investimento na área ambiental, com programas locais de sensibilização ecológica, implementando centros de compostagem ao nível das freguesias (criando-se, desta forma, uma plataforma intermédia de recolha e gestão de resíduos sólidos alimentares e agrícolas), potenciando a reciclagem de produtos de poda e alimentares e promovendo a agricultura biológica;
Criação de hortos comunitários, desta forma incentivando formas de agricultura ecologicamente sustentável, uma educação para o ambiente e reforçando os laços comunitários;
Aposta no associativismo jovem, com disponibilização de espaços para funcionamento de actividades e publicidade das mesmas no boletim municipal.
Pequenos gestos, grande significado, máxima repercussão.
Anadia não pode continuar à espera.
Anadia tem a oportunidade;
Anadia tem que a agarrar!"

1 comentário:

  1. participe neste recente blogue anadiense:
    http://anadia100gente.blogspot.com/

    Bem haja pelo concelho. obrigada.
    "Leiam a imagem"

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