terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Novo ano, velhos combates

A situação na Faixa de Gaza é alarmante: mais de seis centenas de palestianos mortos durante os bombardeamentos levados a cabo pelas forças armadas israelitas, a que se somam diversos combatentes do Hamas ou recrutados (quando não "voluntários contratados" pelos estados da área, como o Irão), bem como cinco militares israelitas.
Despreporção indecente, de facto.
O executivo israelita, desde Yitzhak Rabin, é composto por falcões, cada vez mais musculados, alguns deles quase levados a tribunais penais internacionais (TPI, por exemplo, cuja autoridade Israel não reconhece); a criação da formação política no poder, juntando destacados membros dos antigos partidos dominantes, nada trouxe de novo e Tzipi Livni, futura primeira-ministra, justifica o injustificável.
É verdade que o Hamas é uma organização que não reconhece a existência e o direito à existência do Estado de Israel; que não admite a via pacífica para a resolução do problema da não criação e implementação de um Estado palestiniano; que utiliza formas de luta incorrectas e não aceitáveis, sacrificando também inocentes à sua causa.
Mas após décadas de dezenas e dezenas de milhares de mortos, na esmagadora maioria do lado palestiniano, mas também israelitas, com a conivência de estados párias e dirigentes, uma crise humanitária, económica e alimentar gravíssima obrigam a que se encontre uma solução justa.
E justa para ambos os lados do conflito.
Que tem que passar por um imediato cessar-fogo. Com o fim do ataques israelitas, com o fim dos ataques do Hamas; com o fim dos assassinatos selectivos israelitas e com o fim do lançamento de morteiros e da recolha de armas através dos tuneis escavados desde o Egipto pelo Hamas.
Este será um dos desafios que Barack Obama terá que enfrentar após a sua tomada de posse: a escolha de Hillary Clinton para chefiar a diplomacioa externa, a existência de assuntos mais prementes na geopolítica mundial e as recentes declarações do próprio (no sentido de não se dever intrometer no trabalho da pós-equipa Bush e a necessidade dos Estados Unidos da América falarem a uma só voz) não auspiciam, para o lado palestiniano, as melhores novas.
O Hamas, radical, não consegue controlar os mais radicais movimentos palestinianos (muitos deles influenciados pelo Irão e Síria, por eles trabalhados e por armados); a Autoridade Palestiniana não consegue controlar o Hamas.
Ninguém controla ninguém dos dois lados do conflito.
Mas a via negocial, quase alcançada com êxito por Yitzhak Rabin/Shimon Peres e Yasser Arafat, é a única possível.
Agora como no futuro.
Antes de Obama se virar para o Médio Oriente e depois.

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